sábado, 23 de março de 2019

O Amor nos Tempos de Cólera, de Gabriel García Márquez

Desde que li Cem Anos de Solidão que não pego em mais nenhum autor senão Gabriel García Márquez. Por vezes tento, acreditem. Mas não consigo. E não me importa se vou ficar cansado de tanto Gabo seguido, é difícil concentrar-me em outras histórias que não sejam por ele contadas. É amor.

O Amor nos Tempos de Cólera é talvez o segundo grande romance de Gabo (não que ele tenha muitos de qualquer forma). É a história de Florentino Ariza, que se apaixona por Fermina Daza e promete esperar por ela, mesmo que para isso espere a vida toda. E é a história da vida de Fermina Daza, mulher que viverá o amor nas suas muitas formas e pela qual Florentino esperará uma vida inteira.

Dizer que esta é uma bela história de amor eterno é incrivelmente redutor. Aliás, dificilmente esta é sequer uma bela história de amor: é uma história de frustações, de violências, de fidelidades mas também de infidelidades, de teimosias e resignações. Sim, existem serenatas ao luar e cartas de amor; mas isso são apenas os desvarios de um amor adolescente. Depois disso, vem tudo aquilo que faz do amor tudo menos uma história de amor.

Não sei bem qual a reacção da maioria dos leitores a esta obra, mas tenho a certeza que muitos ficarão desiludidos por não encontrar a história apaixonante que a premissa parece apontar. É que não é mesmo nada disso. O livro é um enorme tratado ao amor, em todas as suas estranhas vertentes, e sobretudo aquelas mais complicadas. E conseguir reunir nestas páginas, numa única história, tudo aquilo em que o amor se transforma, é a genialidade que faz de Gabriel García Márquez um dos grandes. É um livro enorme, não há palavras para tão completo tributo à paixão.

Amor... Tão estranho e controverso é que afinal parece outra coisa que não amor. Mas é-lo sempre.
Por cá, não há prova de maior amor do que oferecerem-me a obra completa do Gabriel García Márquez. Fica a dica.

1 comentário:

Miguel Chaíça disse...

Grande Pedro!

Já li vários livros de Garcia Marquez e, de facto, Cem Anos de Solidão é qualquer coisa de portentosa, pese embora e isso é curioso, que o detestei na primeira leitura. mas algo me dizia que lhe devia dar nova oportunidade e, efectivamente assim o fiz e adorei.

Sugiro que leias "Viver para Contá-la". São as memórias dele escritas pelo próprio e, adorei!

Abraço!

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