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Este livro é um hino ao espírito do Chile e do seu povo, que luta pela vida e cuja vida se tornou, reciprocamente, a luta em si.
Pode-se dizer que é uma espécie de policial. No entanto, só podemos dizer isto pela presença de detectives e de uma morte. Na verdade, esta morte tão invulgar é a desculpa perfeita para juntar velhos camaradas e para relembrar o passado.
A sombra do que fomos não é mais do que isso: homens velhos, esquecidos, mas cuja memória é a de guerra, de revolução, de assalto. E é essa sombra, essa faísca, que os faz continuar a viver, e que os dá força para, hoje, darem um último golpe.
Quando digo que este livro é um hino ao espírito revolucionário chileno, não brinco. A conversa entre camaradas vai relembrar datas, assaltos, actos, todo o tipo de feitos que duraram até ao golpe de estado de Pinochet, que resultou com a morte de Allende. Daí para a frente, tudo o que aconteceu de revolta foi como que uma vontade dos perdedores de se reafirmarem, de relembrarem os velhos tempos, porque a sua vida é uma luta.
Sepúlveda sempre foi conhecido pela sua escrita simples, e todavia poética. Este livro apresenta uma escrita simples, muito agradável, o que o torna uma excelente leitura para estes dias tão tristes. É uma escrita que tenta reunir a nostalgia do que já passou, que tenta homenagear a história do Chile. Pelo que, independentemente da nostalgia que se torna muito característica deste livro, estava à espera de encontrar uma poesia que não está lá. No meio de referências a golpes de estado, datas e acontecimentos, pequenas revoltas, exílios, e tudo o mais, Sepúlveda perde um pouco a poesia da sua escrita.
Abdica da sua escrita latina, tão característica, para defender o seu país latino.
Enfim, para mim a escrita do autor prometia mais, e não cumpriu. O que mais rende é o humor (sim, ainda é capaz de nos arrancar alguns sorrisinhos) no meio da conversa nostálgica.
Ainda assim, sem dúvida é uma leitura muito agradável e que recomendo sem grandes reservas. O escritor consegue reunir, brilhantemente, o espírito chileno nas suas palavras, e embora isso vá agradar ainda mais os próprios cidadãos do Chile, a mim impressionou-me na perfeição em dar-me a conhecer a sua própria nação. Recomendo porque merece ser lido um livro que homenageia, tão bem, a luta de qualquer perdedor, a coragem de cada combatente, a vontade de quatro homens que defendem os seus ideais até ao fim da sua vida. É de honrar!
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4 comentários:
Olá!
Tem uma brincadeira lá no meu blog!
Gostaria que você participasse! Não é selinho!
Bjs
Bia
Livros de Bia
Um óptimo 2010! :DDD
Olá
Muda-se de ano... Muda-se de sonhos... Muda-se de objectivos... Muda-se de aparência... Mas jamais se muda de amigos.
Feliz Ano Novo!...
Bia,
não tive tempo para tal, mas espero que tenha tido sucesso!
Beatriz,
para ti também ;D
Tétis,
podes crer! =) Os amigos nunca se deveriam mudar...
Boas Leituras
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