terça-feira, 23 de junho de 2015

A Senhora da Magia, de Marion Zimmer Bradley

O presente volume constitui o inicio da publicação em Portugal do monumental romance As Brumas de Avalon. Significativo da sua qualidade e simultânea popularidade, é o facto de alguns paises já se terem atingido a vigésima edição desta obra tão favoravelmente acolhida pela crítica mundial.

«Uma monumental reinvenção das lendas Arturianas... lê-lo é uma experiência profundamente tocante e, por vezes, estranha... Uma obra marcante.»
The New York Times Book Review 

«As Brumas de Avalon, com a sua magistral tecitura e uma escrita de grande beleza, lança nova luz sobre velhos personagens, nomeadamente a fada Morgana, Merlim, Lancelot e Guinevere. Romance épico por onde perpassam violências, sensualidades, dolorosas lealdades e encantamentos assombrosos.»
Publishers Weekly 

«A mais maravilhosa evocação da saga do Rei Artur que já li. Absolutamente extraordinário.»
Isaac Asimov

«Gostei tanto do livro que o comprei para um amigo e falei dele a toda a gente. Porque será que até agora  ninguém se lembrara de contar a história do Rei Artur  da perspectiva  das mulheres!"
Jean M. Auel 

«A mais original das interpretações da Matéria da Bretanha na via da religião Celta e da Grande Mãe... uma  notável proeza de imaginação.»
Mary Renault



As Brumas de Avalon é talvez o mais popular clássico literário sobre o ciclo Arturiano (só o filme da Disney A Espada Era a Lei deve ultrapassar essa popularidade, mas parece-me que pouca gente tem a noção de que é na verdade uma adaptação cinematográfica do livro O Rei Que Foi e Um Dia Será).
Também a mais mística de todas as abordagens à lenda do Rei Artur, o seu impacto ultrapassa o da história: é a inspiração de inúmeros livros actuais que lidam com magia, mistério, tradição celta e o poder das mulheres... Creio que não há um único livro que não lide com misticismo e paganismo que não seja comparado a esta obra!

Todos os eventos da lendária história do Rei Artur passaram-se numa época hoje tão obscura que não há praticamente dados históricos concretos... O que dá lugar a inúmeras versões literárias, que ao longo dos anos tenho vindo a descobrir com muito gosto (esta é sem dúvida das minhas histórias preferidas). E quem sabe se esta não é a versão real da vida de Artur, Lancelet, Morgaine e Gwenhwyfar?


A obra divide-se em quatro volumes e comentarei cada um deles ao longo da leitura. Apesar da já inexistente Difel defender que podem ser lidos individualmente, sem qualquer quebra de ritmo, aconselho desde já a não o fazerem. Existe continuidade entre os livros e lê-los independentemente não garante o impacto que se deseja à medida que vamos conhecendo e acompanhando as personagens (algumas como amigas, outras como inimigas).
Também aconselho vivamente a, se decidirem ler este primeiro livro, não deixarem de avançar imediatamente para o segundo. Pelo menos para mim este primeiro volume não foi suficiente para me agarrar...


A premissa do livro é bastante simples: foram as mulheres que influenciaram o destino da Bretanha, desde as sacerdotisas de Avalon defendendo a presença da sua Deusa à rainha cristã defendendo o poder de Cristo.
Infelizmente, este primeiro livro pouco me entusiasmou em relação a estas tão aclamadas e "poderosas" mulheres. Marion Zimmer Bradley introduz-nos a mulheres que, apesar de influentes, pouca vontade própria têm e limitam-se a seguir a vontade dos Deuses, sem que tenham uma palavra própria a dizer. As sacerdotisas de Avalon são mulheres que se resignam ao destino que os Deuses escrevem e a vontade humana é praticamente nula. Sinceramente, não consigo achar tais mulheres inspiradoras. Para um livro que tem fama de ser feminista, as suas mulheres são bastante passivas. Digo eu.

O livro lê-se numa assentada (aliás a primeira vez que nele peguei li-o numa noite apenas). Mas tal deve-se sobretudo à escrita muito fluida e muito simples, e não à emoção da história (o que, sejamos justos, é compreensível quando esta é apenas a primeira parte do livro, uma introdução).

Mas o mais aborrecido do livro acabou por ser as descrições da magia: surreais, difusas, esotéricas. A magia de As Brumas de Avalon é uma magia entre a Terra e um outro mundo paralelo, e a forma como Marion Zimmer Bradley a descreve é incrivelmente esotérica, desnecessariamente irreal, o que não apreciei de todo. A Magia é descrita de tal forma difusa, no óbvio objectivo de mantê-la nessa forma oculta e inatingível (tão difusa quanto as brumas de Avalon), que se torna enfadonha. É certo que tem a sua razão de ser... Mas isso não a torna menos aborrecida. A magia de Avalon é demasiado indefinida para mim, como se me tomasse como um ignorante que acredita em milagres todos os dias. Ler as passagens que que descrevem os actos mágicos é como ler palavras soltas que aparecem vindas do nada  e que cavalgam no vento sem grande sentido.
As únicas partes que acabei por apreciar mais foram precisamente aquelas em que as personagens se revelaram um pouco mais humanas e terrenas, onde se discutiam as suas motivações mais próximas do que eu espero serem os conflitos de um ser, e isso foi relativamente raro.

É, no fim de contas, uma introdução. Não a mais empolgante, mas não julguemos um livro apenas pelas primeiras páginas. Mais uma vez, se este primeiro livro não for do vosso agrado (como não foi do meu) não hesitem em avançar para o segundo livro, que garanto será bastante mais empolgante.

1 comentário:

sarajesus disse...

Olá! Li neste Verão a saga completa. E tornou-se num dos meus livros favoritos. Simplesmente adorei. Agarram-me profundamente... Adorei principalmente o primeiro livro. E a descrição da magia de Avalon, na minha opinião, é a parte mais interessante do livro. Morgaine foi a personagem que mais me cativou. Não gostei muito de Gwen.

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