Neste seu espantoso novo livro, Malcolm Gladwell empreende uma viagem intelectual pelo mundo dos Outliers - os melhores e mais inteligentes, os mais famosos e mais bem sucedidos. O autor coloca a questão: o que torna estas pessoas diferentes? A resposta que oferece é que damos demasiada atenção ao modo de ser dos bem sucedidos e ligamos pouco à sua proveniência, isto é, à sua cultura, família, geração e experiências idiossincráticas da sua educação.
E, no desenvolvimento desta «tese», Gladwell ainda nos revela os segredos dos milionários do software, explica-nos porque os asiáticos são bons a matemática, o que é preciso para se ser um bom jogador de futebol e diz-nos ainda o que fez dos Beatles a maior banda de rock.
Este livro foi na verdade sugerido por um professor universitário. Não sei bem em que sentido, mas depois de ler o livro sei que só pode ter sido de duas formas: ou nos quis dar uma lição de que o sucesso que atingimos na vida é grande parte devido a "coincidências" que nos são alheias; ou nos quis humildemente abrir a mente para uma nova forma de encarar o sucesso que podemos vir a alcançar na nossa vida futura.
Creio que hoje em dia é cada vez mais fácil termos perspectivas muito diferentes em relação às pessoas e a tudo aquilo que constitui a vida. Num mundo globalizado, "regulado" pela Internet, toda a gente está próxima de todos e, sobretudo, de todo o tipo de ideias e visões do mundo. Portanto, o que vamos encontrar neste livro não será novidade para alguns. Não foi para mim. Mas ver a sua perspectiva reunida num só livro, com dignos exemplos a acompanhar, faz dele uma leitura interessantíssima e que recomendo vivamente.
O que faz uma pessoa ter sucesso? A sua inteligência? A sua capacidade inata para qualquer coisa? Também certamente, mas este livro sugere uma verdade mais complexa e desagradável para alguns: a sociedade é responsável pelo sucesso de cada um. Será isso novidade? Parece-me bastante óbvio que uma criança inteligente num meio rico terá muitas mais probabilidades de ganhar o prémio Nobel do que uma criança inteligente num meio pobre (ainda mais hoje com tantos problemas financeiros, quem consegue pagar propinas e tudo o que uma faculdade pede?).
Mas Gladwell vai ainda mais longe: o dia em que a pessoa nasce pode determinar o seu sucesso. Não só o local, mas também a data, o ano, a época. Não, não se trata de astrologia (como eu também pensava ao início), mas mais uma vez devido a um fenómeno social aparentemente simples (que, na verdade, vai de encontro à minha filosofia e maneira de ver a vida: não acreditando em coincidências).
Vários são os capítulos e cada um analisa o sucesso individual, justificando-o por um fenómeno social. Desde a família à data de nascimento, passando hábitos diários e a famosa regra das 10 000 horas. Tudo isso defendido por uma série de exemplos, alguns bastante famosos como The Beatles, Steve Jobs, Bill Gates ou Oppenheimer. Escrito da forma mais acessível ao mais comum dos leitores, é uma leitura no mínimo curiosa e que não desilude. E como já disse, em geral vai ao encontro da minha maneira como eu vejo o mundo, pelo que foi bom ver os meus pensamentos aqui reflectidos.
Peguem neste livro e leiam sobre ele. É muito interessante pegar neste livro, escrito para a pessoa comum, e ir depois pensar nele como uma análise de um fenómeno social bastante complexo (na verdade, algumas críticas apontaram precisamente a simplificação desse fenómeno). E não digo que nos faça mudar a maneira de ver o mundo (fá-lo-á a alguns), mas sem dúvida faz-nos pensar um pouco mais para além da pessoa que temos à nossa frente.
4 comentários:
Interessante sugetão. Todavia, mesmo ainda sem o ter lido, concordo com muito (se nao tudo) do que escreves.
Hugs
Este nao entrou para os meus melhores de 2011, mas seria o escolhido se houvesse uma categoria chamada: Livro Mais Mencionado Por Mim em Festas, Jantares Com Amigos e Outras Ocasioes Sociais.
Tive uma conversa fascinante com o chefe do meu namorado no jantar de Natal da empresa dele sobre as 10.000 horas :)
Ilustre amigo e futuro Sôtor Pedro, como está o meu amigo?
Um grande abraço e um feliz 2012.
Daniel,
obrigado. Felizmente este não é um daqueles livros que nos "obrigam" a mudar de maneira de pensar... Mas fá-lo de uma maneira subtil suponho. Deixa-nos a reflectir, é algo que não se aplica apenas a famosos!
Alex,
honestamente, só ouvi falar deste livro uma vez, mas gostei muito dessa tua história! Também não entra para os meus favoritos, mas sem dúvida é muito bom para referenciar em portfólios hehehe
Iceman,
igualmente!! Vou andando... Como vês ainda ando por cá (como quem diz, eu estou a publicar críticas escritas há mais de um mês hehehe). Anda complicado, muito para estudar e pouco tempo para o fazer. Mas acredito sinceramente que vou sobreviver, aconteça o que acontecer. (mandei-te uma mensagem pelo hotmail, nao sei se recebeste!) Um abraço grande para ti também.
Boas leituras!
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