sábado, 26 de novembro de 2011

O Barbeiro, o Chef e o Artista, de Ceridwen Dovey

 Um barbeiro, um chef e um artista são feitos reféns num golpe executado para depor o seu líder, o presidente. São aprisionados num retiro palaciano nas montanhas, sobre a capital da cidade. Em baixo, longe dali, o caos invade as ruas. A filha do chef, a mulher do artista e a amante do barbeiro observam na sombra os seus homens. Em tempos tão precários, as relações íntimas são tão perigosas quanto as políticas. À medida que a ordem antiga se desmorona, também cai o véu que esconde a verdade sobre as paixões secretas destes homens e mulheres. Conduzindo magistralmente o leitor em direcção ao clímax devastador do romance, Ceridwen Dovey revela como os impulsos humanos mais ancestrais - a vaidade, a vingança e a ganância - se agitam permanentemente sob o verniz da sociedade.

“Um romance de estreia meticuloso e aterrador [que oferece] visões francas e arrepiantes da natureza sedutora do poder […]”
The New York Times Book Review 

“A prosa de Dovey confere aos acontecimentos um ar de magia e permite que esta pequena história que se assemelha a uma fábula ilustre de forma clara a velha máxima sobre a capacidade do poder para corromper.”
Publishers Weekly

"Parte thriller erótico, parte alegoria política ameaçadora, [este romance é] a estreia inesquecível de Dovey [...] Dovey imbui cada personagem de humanidade e revela de forma brilhante como actos banais como cozinhar e barbear podem revestir-se de desejo e intenção política." Vogue


Este foi um livro-oferta na Feira do Livro. Fui eu aliás que escolhi. A lista por si não tinha muitos livros que me chamassem a atenção. Este pareceu-me a melhor leitura, não que prometesse ser uma grande leitura, mas não pensei que fosse dar o meu tempo por perdido.

Depois de ter decidido interromper a leitura da série de Charlaine Harris, peguei neste livro. Mais uma vez, por nada de mais. É um livro pequeno, era o que tinha ao lado e não deixava de me despertar alguma curiosidade.
As três personagens que o título refere trabalham para o Presidente. Até ao dia em que se dá um golpe de estado. O Presidente cai e percebemos que cada um dos três tem uma vida única que assume um papel diferente: não só no decurso do golpe mas na vida de todas as pessoas envolvidas.

Li este livro aquando a queda de Kadafi e não consegui deixar de relacionar as duas situações. Não há nomes próprios neste livro, nem para as pessoas nem para a cidade, pelo que não é muito difícil fazê-lo.

Foi uma agradável surpresa e creio que temos aqui uma verdadeira escritora. São-nos apresentadas personagens muito distintas e desenvolve-se um enredo bem trabalhado e aliciante, em que os destinos de todos se tocam. Como eu gosto de ver. Adorei a forma como o livro e a história se organiza. Se encontrar um segundo livro da autora, não deixarei de tentar saber mais sobre ele.

A minha desilusão prende-se ao final. Em parte previsível, em parte não, mas não acho que esteve à altura do que esta autora prometeu ao longo do livro. Depois de um enredo tão bem construído, tenho a certeza que a autora conseguiria encontrar um final mais chocante, mais inesperado e uma reviravolta muito mais triunfal. Trata-se de um enredo que envolve não só estas três personagens mas também o Presidente, o Comandante (que tomou posse) e a mulher do Comandante, e todos eles se ligam numa perfeita teia de destinos e acontecimentos. O final é em parte previsível, em parte inesperado, dependendo sempre das expectativas que o leitor cria com as personagens ao longo da leitura. Ainda que, bem visto, seja uma verdadeira reviravolta no esquema da história, não achei que estivesse à altura da extraordinária capacidade da autora.

Não deixa de ser, contudo, um livro muito bom do início ao fim. É, sem dúvida, uma estreia que prova um grande talento na escrita. Fico à espera de mais!

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