sexta-feira, 28 de novembro de 2008

A Vida num Sopro, de José Rodrigues dos Santos


Portugal, anos 30.
Salazar acabou de ascender ao poder e, com mão de ferro, vai impondo a ordem no país. Portugal muda de vida. As contas públicas são equilibradas, Beatriz Costa anima o Parque Mayer, a PVDE cala a oposição.
Luís é um estudante idealista que se cruza no liceu de Bragança com os olhos cor de mel de Amélia. O amor entre os dois vai, porém, ser duramente posto à prova por três acontecimentos que os ultrapassam: a oposição da mãe da rapariga, um assassinato inesperado e a guerra civil de Espanha.
Através da história de uma paixão que desafia os valores tradicionais do Portugal conservador, este fascinante romance transporta-nos ao fogo dos anos em que se forjou o Estado Novo.
Com
A Vida Num Sopro, José Rodrigues dos Santos confirma a sua mestria e o lugar que já ocupa nas letras portuguesas.
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Ainda estou arrebatado depois desta leitura.

Estes é daqueles livros que acabamos de ler e não conseguimos evitar parar por um segundo, deitados na cama, a olhar para o ar, na mais profunda e simples reflexão.

Portanto, não sei bem por onde começar a opinar. Acabei agora mesmo o livro e sinto-me levitado pela história amorosa de Luís e Amélia.

De facto, este livro é uma história de amor. Não é a história do princípio do Estado Novo ou da guerra civil de Espanha, "A Filha do Capitão" foi, sim, um romance sobre a guerra, este é apenas um romance sobre a vida. A princípio, senti-me desiludido ao aperceber-me disso, mas a partir daí fui distinguindo os dois livros.

Só posso dizer que gostava que fosse ainda maior. O livro já tem muitas páginas, mas eu gostava que fosse ainda mais pormenorizado, que esmiuçasse todos os pormenores. Na verdade, não esperem um livro sobre o Estado Novo ou a guerra em Espanha. Esperem antes um livro sobre a vida, tão pura ou trágica como pode ser, e que por acaso se insere em factos históricos.
Aliás, apreciei aqueles pormenores históricos como a gíria do povo, o destino que os soldados da guerra tinham pela frente, por exemplo.
Muitos diálogos, um livro directo e sem grandes floreados.

Acho que este romance, mais do que querer ser uma excelente obra, pretende entreter. No caso de "A Filha do Capitão" (não consigo evitar esta comparação), havia o objectivo de ser uma excelente obra, mais do que entreter. Por isso digo que não me importava que este romance tivesse mil páginas, se a mesma história fosse relatada com ainda maior pormenor seria um dos grandes livros da Literatura. Claro, as emoções e destinos das personagens são sempre relatadas com muito apego.

Porém, se nós lemos este livro é para chegar ao fim. Estamos constantemente na ânsia de chegar à última página, de saber o que vai acontecer! E quando acabamos não nos livramos de uma lágrima ao canto do olho.
Aconselho-vos. Lê-se num sopro. Confesso que não é um grande romance, mas vale bastante a pena pelos excelentes momentos de leitura que passamos. Para nos apaixonarmos pelas suas personagens, para suspirarmos pela vida. Adorei. José Rodrigues dos Santos confirma-se como um dos meus autores preferidos.
Dizer mais seria adiantar demasiado (e eu não sou de dizer spoilers). Leiam, garanto-vos pelo menos uma boa leitura.

18 comentários:

Célia M. disse...

O meu exemplar deve chegar-me a casa para a semana... Conto lê-lo muito em breve! Parece que me espera uma excelente leitura :)

Pedro disse...

Esperemos que chegue cedo! Fico à espera da tua opinião!
É uma excelente leitura, sim. Bons momentos de leitura, e afinal é isso que torna JRS tão aprazível =)

Iceman disse...

Pessoalmente considero JRS como um dos melhores escitores.

O homem tem o condão de, com simples palavras, criar emoções, sensações, fazendo-nos interagir com a histórias e as personagens, levando-nos aos locais da acção.

Este "A Vida num Sopro" é de facto inferior à "Filha do Capitão", mas também é muito dificil ele fazer melhor, logo, não poderemos estar eternamente a comparar, pese embora seja normal fazer-mos isso.

Esta é uma história bonita e também eu me emocionei no fim, tal como já tinha acontecido no final da "Filha do Capitão", aí, confesso que chorei, aliás, já li a "Filha do Capitão" por 4 vezes, sei o que me espera, mas choro.

É o único livro que me fez isso e inclusivamente já lhe disse isso.

Pedro disse...

Iceman,
José Rodrigues dos Santos é, sem dúvida, um dos meus autores preferidos. Pelo menos, quando leio um romance dele, sei que é uma excelente leitura, e que acabarei por ficar agradecido ;)

"A Vida num Sopro" é, de todos os seus livros, para mim, aquele que melhor quer procurar transmitir sensações, emoções e interacção com as personagens. Porque o objectivo é mesmo esse, escrever a vida...

Como este livro e "A Filha do Capitão" são os únicos por enquanto que ele escreveu do género, acho inevitável a pequena comparação *assobio*.

"A Filha do Capitão" emocionou-me do princípio ao fim. Neste, toda a emoção acumulou-se até chegar ao final!

Homem do Leme disse...

Ainda não comprei o livro, porque faz parte da lista do Pai Natal. Mas estou com muita vontade de o ler.

Beαtriz disse...

Quero tanto ler este livro! *.*
Acho que o vou pedir para o Natal! ;P

Ana Paula Duarte disse...

Olá!
JRS sempre é ótimo..rsrs...Boa indicação, assim que tiver oportunidade não deixarei de ler.
Abraço.

Isabel Maia disse...

Acabas de me aguçar ainda mais a curiosidade Pedro.
A cada livro de JRS que leio, mais quero ler tudo o que está publicado. A sua maneira de escrever prende compretamente o leitor. Deixa-o numa ânsia de virar rapidamente de página para chegar ao fim e quando esse fim chega, fica aquela sensação de desalento tanto era a vontade de ler mais e mais.

Pedro disse...

Homem do Leme,
então esperemos que o Pai Natal se lembre desta boa prenda! ;)

Beatriz,
não levantes demasiado as expectativas =) Mas esperemos que o Pai Natal dê, porque é um bom livro!

Ana Paula Duarte,
é sempre a garantia de um momento bem passado, isso sim =)

Isabel Maia,
hehe.
Este livro é mesmo daqueles que nos leva à ânsia de chegar à última página!!! E quando chegamos ao fim é uma descarga de emoções.
Eu gostava que o livro fosse ainda maior ^^ Acredita que preferia que tivesse mil páginas...

Um grande abraço

flicka disse...

Bem, este novo livro do JRS é bastante tentador pois agrada-me a sinopse... e ainda mais a tua opinião é fabulosa... Dizes que este é o melhor de todos livros deste autor, então deve mesmo valer a pena... aliás, já não é a primeira opinão a falar tão bem deste livro, tem recebido excelentes criticas! Mas vou só comprá-lo na Pascoa ou na proxima feira do livro... ;)

pikenatonta disse...

Caramba, vou ter MESMO que ler este livro. Só tem tido boas críticas!!! :)

Maria Ngan disse...

Depois de uma opinião destas, certamente que vai ter que ser um dos próximos livros a ler ! ;)

Sinto muitas saudades daquele género de romances que deixa-te com uma lágrima no canto do olho ...

Bjinhos

Pedro disse...

Flicka,
O melhor o melhor não sei... Mas já tinha saudades de um romance puro, que no fim me deixa com uma lágrima ao canto do olho... =') É um dos melhores dele, isso sim! Vale a pena! Portanto, olha, fico à espera da tua leitura ;)

Pikenatonta,
E pelos vistos merece ;)

Butterfly,
espero bem que sim, fico à espera da tua opinião! =)
Este é, então, esse romance, no fim simplesmente delira connosco! =') Vais gostar!

Um grande abraço

Moura Aveirense disse...

Aguçaste-me a curiosidade, sem dúvida!

Cristina disse...

Consegui-o num momento wook. Estou desejosa de o ler. Tal como tu, acho que também vou cair na tendência de comparar com A Filha do Capitão - que adorei. Esta tua crítica só vem apoiar todas as opiniões favoráveis que tenho lido... estou em pulgas!!

Cidchen disse...

Acho que vou comprar este livro do José Rodrigues dos Santos!

Obrigada pelos parabéns deixados no meu cantinho!

Beijinhos

Livros em 2ª Mão disse...

Li o livro há pouco tempo e confesso que embora não o tenha achado arrebatador, gostei! Talvez por ter tido conhecimento do destino de Luís ainda antes de começar a ler o livro tenha quebrado a magia do final. Além disso, para mim, menos umas 100 páginas teria sido o ideal. Penso que o JRS deva ter alguns compromissos com a editora, nomeadamente a nível do nº de páginas e que por esse motivo se tenha estendido. É pura especulação minha, mas a verdade é que por algumas vezes, os diálogos pareceram-me demasiado extensos, não acrescentando nada ao conteúdo.
Embora possa parecer demasiado crítica, gostei de ler este livro e ainda fiquei mais entusiasmada para adquirir "A Filha do Capitão"! :)

Anonymous disse...

nao consigo parar de ler o livro a vida num sopro e só quem vive sem o seu grande amor é que compreende toda a historia de luis e amélia. revejo-me completamente na história

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