sábado, 10 de outubro de 2015

A Senhora de Avalon, de Marion Zimmer Bradley

Depois de As Brumas de Avalon e de A Casa da Floresta, Marion Zimmer Bradley regressa agora com esta nova saga da ilha mágica, contada por três gerações de sacerdotisas que, nos primeiros quinhentos anos da era cristã, protegem o seu reino encantado da avidez do Império Romano. 
A primeira, Caillean, esconde Avalon dos legionários, envolvendo-a sabiamente numa nuvem de brumas intransponíveis; a segunda, Dierna, promove de forma astuta a união de uma das suas noviças com um general romano, transformando-o num potencial imperador bretão que assegurará a preservação do solo sagrado; a terceira, Viviane, guardiã do Cálice Sagrado, partirá da casa dos pais adoptivos na ilha de Mona aos 14 anos para se encontrar com a verdadeira mãe, a senhora de Avalon, e preparar o caminho para o nascimento do rei Artur. 
Rico na descrição de ambientes e na construção de personagens, este romance - onde não faltam guerra, e traições, amores e ódios, profecias e maldições - tem a mesma grandiosidade mítica e épica que caracteriza as outras obras da autora, evocando com igual dinamismo, os mitos, a magia e a história da Inglaterra lendária.



Cá estamos novamente, teimosamente, a explorar Avalon e uma saga que tem tido muita dificuldade em encantar-me. As Brumas de Avalon foi interessante, apesar de extremamente sobrevalorizado na minha opinião; A Casa da Floresta foi por sua vez uma leitura emocionante e Os Corvos de Avalon apesar de ser uma obra literária fraquita deu para ler com alguma satisfação.
Quanto a este A Senhora de Avalon... Bem, é caso para me voltar a perguntar "Porque é que insisto em ler isto?".

A obra divide-se em três contos: um que precede imediatamente A Casa da Floresta, outro que antecede imediatamente As Brumas de Avalon, e ainda um temporalmente situado entre os outros dois. Cailean, Viviane e Teleri, sacerdotisas de Avalon e fundamentais na construção do destino que culminará no nascimento do Rei Artur.
Acredito que este livro seja uma pequena maravilha para os fãs de Marion Zimmer Bradley. Apesar de para mim me parecer inacreditável que um fã possa apreciar uma obra que destrói grande parte do misticismo característico de Avalon. Mas, é um facto, quando somos fãs de uma série adoramos esmiuçar todos os pormenores desse universo fictício, e é isso que este livro faz. Aliás, é para mim a única coisa que faz: encher a barriga dos fãs.

A maior parte das personagens já são nossas conhecidas dos outros livros. O que lemos aqui é o desenvolvimento das suas histórias, aliás a exploração, aliás a sobrexploração. Tenho mesmo muita pena, pois livros como A Casa da Floresta têm um final completo mas que nos deixa a reflectir no futuro das personagens, dando asas à nossa imginação, enquanto A Senhora de Avalon nos mostra esse futuro e destrói a nossa própria magia. Algumas vezes, compensa deixar as coisas entregues à imaginação.

As três histórias assentam na ideia de reencarnação e de que, através dos tempos, os espíritos ligados entre si se reencontram na sua vida terrena. Ou seja, cada conto é apenas uma repetição do anterior. As variações, apesar de existirem, pouco se reflectem na história geral. A melhor história, na minha opinião, foi precisamente a que apresentava personagens nunca antes mencionadas e com um triângulo amoroso muito interessante onde a vontade humana (coisa que Marion Zimmer Bradley irritantemente insiste em desprezar para as suas personagens, coitadas) entrava em conflito com o destino dos seus próprios espíritos. Os restantes contos foram um belo exercício de ludíbrio dos fãs.

É um livro muito repetitivo e dispensável. É uma pena, porque algumas das personagens destes contos são das mais intrigantes (e das minhas preferidas). Mas lá está, desmistifica-as, dispersa desnecessariamente a sua história, destrói o mito e personalidade agradável que se construiu à sua volta. Mais do que triste por não ter gostado do livro, deixou-me desanimado por se ter revelado o que é.

Terá sido a necessidade de continuar a série de Avalon assim tão grande? Continuar histórias que não precisavam, nem pediam, continuação?
Pergunto-me quanto deste livro aconteceu por vontade de Marion e não por vontade dos fãs e das próprias editoras (infelizmente é a realidade).

Uma péssima forma de chegar quase ao fim da minha jornada pelo mundo de Avalon. O que me safa as expectativas é saber que o próximo livro, A Sacerdotisa de Avalon, passa-se precisamente na época do conto que eu mais gostei, com personagens completamente diferentes das que já conheço.



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