quarta-feira, 12 de agosto de 2015

A Queda da Altântida, de Marion Zimmer Bradley

A história de duas irmãs, Deoria e Domaris, filhas de Sumo Sacerdote Talkannon, dos seus amores, dos seus ódios, dos seus prazeres e sofrimentos e da forma como, tendo escolhido caminhos diferentes, por vezes opostos, vivem os seus dias e desempenham um papel fulcral na batalha que, apesar de invisível, se trava dia e noite pelo futuro do Mundo. Mas mais importante que qualquer destino ou karma, o que está em jogo é o futuro do próprio Mundo, pois da batalha mortal que se trava entre as Trevas e a Luz e do seu desenlace poderá resultar a queda da própria Atlântida.




Depois de descobrir As Brumas de Avalon e de finalmente ficar a conhecer quem é Marion Zimmer Bradley como escritora, decidi ler os restantes livros associados à sua mitologia de Avalon. Não por verdadeira paixão ou entusiasmo, como podem ter lido não fiquei particular fã das Brumas. Faço-o apenas por uma pequena mania de leitor que não gosta de deixar livros da mesma série por ler (mesmo quando, neste caso, As Brumas de Avalon é uma obra completamente independente e a leitura das suas prequelas são completamente dispensáveis) e por uma pequenina curiosidade em conhecer as diferentes encarnações das personagens, cujos actos supostamente construíram o karma que culmina com a vida do Rei Artur, de Morgaine e de Viviane (apesar de ter ficado completamente satisfeito em apenas ter a noção de que existiram essas encarnações, e em todas elas as almas das personagens se encontraram).

A primeira vez que li A Queda da Atlântida foi uma péssima leitura e quase jurei não voltar a tocar no livro.
Esta minha segunda experiência foi contudo bastante melhor. A história do livro continua a ser aborrecida e monótona, a mesma sensação de tempo perdido estava lá enquanto o lia. No entanto, foi também em tudo diferente: desta vez, não li a história de Deoris e Domaris, mas sim a história de Morgaine e Viviane antes de serem elas mesmas, dos seus pecados cuja expiação perdurará até àquela Inglaterra medieval. Por isso mesmo a minha experiência de leitura foi bastante mais agradável. Ganhei uma nova perspectiva.

Os defeitos do livro continuam lá: na verdade a história fala dos acontecimentos que precedem a queda da Atlântida alguns anos antes, pelo que o título é bastante enganador; a história é incrivelmente lenta e repetitiva; as personagens não são particularmente entusiasmantes. Todo o livro (de referir que é bastante maior do que aparenta) fala apenas da vida dos Sacerdotes de um certo Templo situado nos Reinos do Mar, e de como alguns desses Sacerdotes tentam aceder a Magia Negra. Nada de mistérios ou desenvolvimentos mais interessantes. Apesar de tudo, em algumas ocasiões pode tornar-se mais entusiasmante, mas mais uma vez não acho que dependa de todo do livro em si, mas sim da nossa capacidade de nos abstrairmos completamente do que estamos a ler (porque, a sério, se não for isso não vejo o interesse de conhecer nenhuma destas criaturas).

Marion Zimmer Bradley cria uma mitologia muito rica, uma religião cheia de pormenores, mas que na verdade nunca se desenvolve na sua plenitude. O livro enche-se de rituais que são mais confusos do que gostaria. Comecei finalmente a perceber que de facto Bradley recusa-se, ou não se aventura, a explorar o seu misticismo o suficiente para o tornar verdadeiramente interessante. Oferece uma panóplia de símbolos que nunca são explicados e descreve uma série de rituais de tal forma difusos que dispensam explicações. Talvez faça sentido para o género que ela tenta escrever (quase religioso) e sem dúvida caracteriza o seu estilo. Todos os simbolismos que Bradley refere permanecem um completo Mistério para o leitor e não sei se no seu caso me agrada muito.


Apesar de não ser, de todo, um bom livro vindo da autora, a constante ideia de que as personagens principais são as primeiras encarnações das personagens das Brumas fez-me de facto apreciar o seu destino e compreendê-lo, muito mais do que na primeira leitura. Atrevo-me a dizer, consegui-me emocionar.



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