Um livro de histórias e de vinhos para quem acredita que à mesa não se envelhece.
Mas que livro mais delicioso!
Não bebo vinhos, sobretudo por não ter esse hábito. Não pertenço a uma família de apreciadores, e isso da tradição, da família, tem muito poder nos nossos costumes. Como, aliás, d'Avillez reflecte.
Mas com muita vontade fiquei de passar a beber um bom copo! Aliás, vou sem dúvida passar a estar atento e apostar nesse prazer, que encerra tanta História e Cultura em si! (só falta ter o dinheiro que não ganho, que nenhum vinho é grátis)
Seja apreciador de vinhos ou não, aqui está um livro que vale a pena ter na sua cabeceira. É uma leitura mágica, que fá-lo-á querer explorar a garrafeira mais próxima e saborear a cultura tão, tão rica que os sabores desta bebida encerram.
Antes de mais, é um guia extraordinário para a adega Portuguesa, com bastantes referências e sugestões de vinhos nacionais (da melhor qualidade). Aliás, quero deixar a sugestão ao autor (presidente da Comissão Vitivinícola da Região dos Vinhos de Lisboa, um especialista em vinhos de Portugal) de organizar um compêndio completo dos nossos vinhos, em jeito de "enciclopédia", saborosa e obrigatória para quem gosta da bebida ou apenas da cultura portuguesa.
Nota-se que d'Avillez é um apaixonado por aquilo que faz. Com as suas descrições simples e claras, tenta transmitir todo o paladar e cheiro e cor que um copo pode oferecer. Mesmo não tendo experimentado nenhum, senti o carinho que o autor tem por esses vinhos e as palavras foram suficientes para me transportar para uma prova!
Depois, este não é apenas um livro de vinhos. É um livro de histórias. E que histórias! São pérolas de curiosidade que o escritor nos oferece. Não são só as histórias dos vinhos (igualmente fascinantes) mas outras curiosidades que, acredite, vão deixá-lo boquiaberto. Em todos os capítulos, d'Avillez conta-nos as origens de celebrações, hábitos (como o de sentar à mesa), palavras (como o nome de terras, países, ou pratos!) e expressões populares, ou mesmo objectos vulgares (como copos), coisas que ouvimos ou utilizamos praticamente todos os dias e que nunca pensámos terem no seu passado uma história tão curiosa. Quantas vezes me vi fascinado! É, por isso, um livro que nos enriquece, torna-nos um pouco mais cultos, não só em relação a vinhos.
Desta saborosa leitura, só ficaram a faltar imagens mais específicas. O livro tem um design muito rico, em jeito de catálogo, mas a maior parte das imagens são demasiado genéricas. Porque não colocar a imagem dos vinhos, dos rótulos, das garrafas, em vez de gravuras que servem para tudo? É uma pena, pois chega a ser exasperante ler sobre os vinhos e não ter um registo visual a acompanhá-los.
De qualquer forma, só posso agradecer a d'Avillez por ter despertado o meu interesse nesse mundo vinícola. Assim aprendemos que tudo tem uma história. Tudo neste mundo, mesmo as coisas que nos parecem vulgares ou que não nos despertam interesse, tem uma memória que vale a pena descobrir.
Faltou ficar a saber qual o vinho aconselhado para acompanhar um belo livro, como este (fico à espera senhor D'Avillez). Uma boa prenda de Natal.
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