quinta-feira, 18 de setembro de 2014

O Caminho para a Libertação, de Dalai Lama

Dalai Lama é o líder religioso do budismo tibetano, por isso faz sentido procurar ler um livro por ele escrito quando quero conhecer mais sobre essa vertente do budismo (que é uma religião bastante complexa e com inúmeras variações, portanto implica estudar um pouco sobre o assunto se se quer conhecer melhor). Assim o fiz, na expectativa de, sem atingir a Iluminação, sair mais iluminado desta leitura e, quem sabe, empenhado em explorar um pouco mais aquela que parece ser uma das filosofias mais gratificantes.

Com um título bastante inspirador (falo por mim, não me importava de me sentir um pouco menos perdido), o que fui encontrar nestas páginas foi quase que um guia bíblico, e não uma palestra do Osho. Aliás, parece ser precisamente um resumo dos ensinamentos do budismo tibetano, poupando-nos de ler a "bíblia" original.

Descobri que, apesar das suas diferenças filosóficas, é uma religião tão exigente quanto todas as outras. Aliás, chego à triste conclusão que qualquer religião, qualquer uma, tem as suas imposições e é à vista de outras perspectivas mais fechada do que possa parecer à primeira vista. O Budismo Tibetano não é excepção. Para quem procura uma filosofia de vida mais aberta, não acho que este caminho seja o melhor.

O problema do livro não é problema nenhum: é um problema do leitor. Um problema meu. Eu queria encontrar um livro que me mostrasse a beleza da filosofia budista, não um que me fizesse ver que o budismo é, tal como o Cristianismo ou o Islamismo, uma religião.
Acho que é um erro em que eu e muitos outros caímos. Gostamos de ver o Budismo como uma religião alternativa, uma espécie de estilo de vida mais filosófica que religiosa. E ao avançar as páginas de "O Caminho da Libertação", não consegui deixar de notar que Dalai Lama fala do budismo tibetano num tom parecido com o de uma Bíblia ou uma Cora. E isso, confesso, não é para mim. Várias vezes me senti terrivelmente aborrecido porque eu não sou uma pessoa religiosa e não tiro muito prazer em leituras desse calibre.

Também tenho de notar que várias vezes Dalai-Lama "puxa a brasa à sua sardinha" com as muitas referências à dependência do Tibete e ao envolvimento da China na política e religião. E por muito mau que o regime chinês seja para o Tibete, este tipo de promoção, qualquer tipo de promoção, pelo que percebi pelo livro, vai contra os próprios ensinamentos budistas. Torna-se de vez em quando enfadonho ler essa publicidade toda.

No geral, suponho que um bom livro para quem é budista ou estuda o assunto. Para quem quer é apenas curioso ou para quem quer um livro inspirador para acordar de manhã, recomendaria outros.


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