Este é o segundo livro da série CRÓNICAS DO SENHOR DA GUERRA
"É uma boa ocasião, diz-me Igraine, para escrever sobre coisas antigas e
por isso me trouxera uma nova pilha de pergaminhos, um frasco de tinta
acabada de misturar e um molho de penas. Fala-me de artur, disse ela, do
Artur de Oiro, a nossa última e melhor esperança, o nosso rei que nunca
foi rei, o inimigo de Deus e o flagelo dos Saxões. Fala-me de Artur."
"É um romance sobre a Idade das Trevas onde a lenda e a imaginação compensam a escassez de registos históricos. Uma coisa de que podemos estar completamente certos é do amplo fundo histórico numa Grã-Bretanha onde ainda estão presentes todos os vestígios históricos". Publishers Weekly
Há algo na lenda de Artur que perdura e encanta gerações seguidas, muito mais do que tantas outras histórias. Podem ser as suas personagens, incrivelmente humanas na sua glória e na sua tragédia. Pode ser a ideia romântica de uma Magia em decadência mas com a eterna esperança de um dia voltar a erguer-se mais alto. Ou talvez seja o simples facto de que pouco ou nada é certo sobre a existência destas personagens, levando cada autor a explorar uma versão diferente da lenda, renovando-a ao longo do tempo.
Cornwell, nesta sua versão da lenda, tenta aproximar o mito da realidade, criando um enredo credível num tempo que esta Terra já presenciou.
E se O Inimigo de Deus é sobre uma era em que o Cristianismo ganhava um imenso poder na Grã-Bretanha e o paganismo tentava desesperadamente trazer os Deuses de volta à sua adorada ilha, é também uma desmitificação de tantos elementos na lenda de Artur. Neste segundo volume, ainda mais do que no primeiro, parece que Cornwell insiste em retorcer a visão geral do mito, alterando o comportamento das lendárias personagens e tirando o valor a certos elementos da fantástica lenda, reduzindo-os a uma realidade quase triste. Será tirar o brilho à história torná-la mais fiel à realidade? Não acho, mas não deixa de ser uma experiência de leitura extraordinária.
Uma leitura mais do que recomendada, desde que se prepare para não conseguir tirar os olhos das suas páginas. Apesar de achar que a credibilidade da história não é tão grande aqui devido a duas situações. Primeiro, a Magia ganha uma especial atenção neste volume, ao ponto do mistério que o escritor traz se tornar demasiado fantástico para a premissa de uma história mais "realista". Segundo, as coincidências são sempre muitas e de alguma forma os nossos heróis acabam sempre por se safar sem grande dificuldade. Se por um lado isto tira o realismo ao livro, também é de compreender que seria injusto o autor alterar demasiado a história de Artur e tirar toda a glória que lhe é inerente. Aliás, ao contrário do primeiro volume, este é um livro muito mais alegre e esperançoso (enfim, até certo ponto).
Seja fã de histórias fantásticas, seja fã de romances históricos, seja fã de boa literatura, esta é a saga certa. E a perspectiva de avançar para o terceiro e último livro da série já me deixa triste.
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