Peter continua a escrever de forma pouco elaborada e fácil de seguir, apesar de se notar uma diferença do primeiro livro. Enquanto O Homem Pintado sobressaía por uma história simples, uma escrita ainda mais simples e personagens extraordinariamente bem feitas, A Lança do Deserto aposta um pouco mais, como seria de esperar de uma série que se quer afirmar na Literatura Fantástica. A escrita é menos directa, com mais momentos mortos, e a própria história assume um ambiente bem mais sério e maduro.
A má notícia é que a história pouco ou nada avança. Parte do livro é dedicada à juventude de Jardir, um rapaz que cresce numa sociedade altamente conservadora e bélica e cujo futuro é traçado de forma a tornar-se o Libertador, aos olhos do seu povo. O resto do livro dedica-se finalmente a todas as personagens que já tão bem conhecemos e amamos do primeiro livro e aos desafios que vão enfrentar quando Jardir decide conquistar as terras do Norte (que acreditam que o Homem Pintado é o verdadeiro Libertador).
O início do livro consegue ser um pouco aborrecido, reconheço. Jardir não é uma personagem fácil de se gostar à primeira. Não porque não é uma personagem suficientemente interessante, mas porque é uma personagem bastante fincada pelos costumes do seu inflexível povo. De facto, a história torna-se mais interessante quando conhecemos Inevera, a mulher que o vai ajudar a tornar-se o Primeiro Guerreiro, e quando ele ganha poder suficiente para alterar as tradições do seu berço. A meio do livro, os sentimentos contraditórios em relação a Jardir aparecem e Peter deixa-nos mais uma vez com uma personagem que nos fixa os olhos.
A boa notícia é que a história avança o suficiente para nos deixar incrivelmente excitados pelo próximo volume. Começamos a ter maior contacto com os dilemas do Homem Pintado (no primeiro livro temos contacto com Arlen, a pessoa que o Homem Pintado era antes de "renascer"), e torna-se fascinante ver o quão ligado aos demónios ele se torna e como isso vai afectar a sua ligação com todos aqueles que conheceu enquanto era apenas Arlen.
E a história torna-se ainda mais empolgante quando Leesha, uma mulher extremamente talentosa e fulcral na luta contra os demónios, e Jardir se cruzam. Ficaremos desiludidos se o terceiro livro não trouxer um pouco mais dessa relação.
Resumindo... Se o primeiro livro é uma muito agradável surpresa e ainda mais agradável leitura, o segundo livro confirma que ficámos fãs incondicionais desta série. Para onde quer que a história se dirija a partir daqui (e não faço ideia para onde!), espero apenas que Peter mantenha esta capacidade de nos fazer vibrar com as suas personagens. E não temam a escuridão!
Já agora, fica aqui um vídeo que o escritor deixou para os fãs portugueses aquando o lançamento em Portugal de "A Guerra Diurna"!
http://www.youtube.com/watch?v=XHZpHLizLYs&feature=youtu.be
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