domingo, 3 de junho de 2012

Releitura de "A Guerra dos Tronos", de George R. R. Martin

É a terceira vez que leio esta obra épica fantástica. A primeira vez que li (há quatro anos) ainda não havia série televisiva, ainda nem sequer se falava de tal ideia e o livro não era tão popular (em Portugal) como é hoje. Já era bastante popular na blogosfera, o que me deu o empurrão necessário para pegar nele. Como fã de Literatura Fantástica, "As Crónicas de Gelo e Fogo" foram uma grande novidade e realmente diferentes do que tinha lido até aí.

Entretanto, com o avançar da série, confesso que perdi o entusiasmo. O terceiro livro não foi tão empolgante quanto os primeiros dois (terceiro em Portugal, que decidiu dividir os livros originais em dois), o que fez com que perdesse aquela chama que me atraía para a leitura. Para além disso, o número de personagens desta série é avassalador: cheguei ao quinto livro sem me lembrar de metade das personagens, algumas delas pelos vistos importantes.
Felizmente, tive o bom senso de parar de forçar a leitura. Passado um ano, li pela segunda vez o primeiro livro. Em boa hora o fiz! Achei a releitura muito mais empolgante (embora tenha ficado pelo segundo livro).
Com a série televisiva (neste momento na segunda temporada), decidi voltar a pegar nesta série e lê-la até ao último livro publicado (dez livros, em Portugal). Como é óbvio, voltei a pegar em A Guerra dos Tronos, o primeiro livro, não só para me lembrar das suas personagens e trama mas também para fazer algumas comparações com a série (que está absolutamente fiel ao livro!).

Parece-me que quantas mais vezes releio os livros, mais gosto deles. A Guerra dos Tronos é uma magnífica introdução a um mundo medieval onde a magia não é mais do que uma lenda (embora presente), com cidades formidáveis, terras sem fim, histórias encantadas dos Tempos Antigos e personagens fascinantes que temos o prazer de seguir. Estas personagens são reis e rainhas, príncipes e princesas, cavaleiros e conselheiros, pretendentes ao trono dos Sete Reinos e povos das várias terras e cidades. Todos entraram na História destes Reinos (e na história que este livro conta) quando, há quinze anos, a dinastia dos Dragões caiu e Robert Baratheon subiu ao trono depois de uma guerra sangrenta.
Mas a subida do novo rei nada resolveu. Quinze anos depois, cada Casa conspira a seu próprio favor, e todos têm segredos que podem levar a uma nova guerra. Os herdeiros da dinastia dos Dragões preparam-se para reconquistar o seu Trono de Ferro; a rainha e a sua família escondem segredos e engendram planos cuja motivação nos é desconhecida; Eddard Stark, amigo do rei, é convidado a ser braço direito do Rei depois do anterior ter morrido em circunstâncias muito misteriosas, e arrisca a sua vida, e da sua família, quando decide descobrir a verdade. Ninguém pode confiar em ninguém, o leitor não sabe em quem confiar também, e não conseguimos antever o que vem aí. Só temos a certeza de que o mistério é o principal ingrediente deste livro e o passado não ficou enterrado.

Creio que, depois de mais uma leitura do livro, posso afirmar que conheço muito bem cada personagem e é difícil voltar a esquecer-me delas, mesmo das mais secundárias! É um livro muito fácil de ler, viciante, que nos arrasta ao longo das páginas, sempre na ânsia de descobrir o que se passa. George R. R. Martin tem um dom e não o desperdiça nesta saga, que já é uma obra intemporal na Literatura Fantástica. Com personagens cativantes (um anão, príncipe real, boémio, sarcástico mas muito sábio; a princesa da Dinastia dos Dragões, inocente, longe de casa, mas cuja importância promete aumentar; um bastardo de Stark, que decide ingressar na Patrulha da Noite, que defende o limite norte do Reino, o "fim do mundo"; as filhas e filho de Eddard Stark, tão diferentes entre si, mas cuja motivação poderá ter grande importância no futuro; o próprio Eddard Stark, na sua busca pela verdade no meio de uma corte feita de conspirações, e a sua mulher, determinada a proteger os seus filhos), é através dos seus olhos que vamos descobrindo um enredo que nos promete deixar de boca aberta.

Esta é uma obra a ser lida. Preparem-se para amar e odiar, para não pensar noutra coisa senão nesta série, preparem-se para ficar abismados e delirar. Para quem não é fã de Fantasia, não se preocupem: este livro, estas personagens, são de tal forma reais, e a magia está tão ausente, que custa a encaixar a obra nesse género.


2 comentários:

NLivros disse...

Grande Pedro!
Confesso que li os dois primeiros volumes. Na altura a blogosfera encontrava-se hipnotizada com os livros (naquela altura ia sair o 3º, salvo erro), e, aproveitando uma promoção da editora, adquiri os dois.
No entanto fiquei desiludido. Não tanto pelo conteúdo da história, que até achei interessante, mas por perceber que tudo aquilo estava a ser construido por uma gigantesca máquina de marketing que iria durar até vender.
Ou seja, apercebi-me que o autor iria escrever livros atrás de livros enquanto a "vaca" desse leite. Um dia, depois de muito explorar, iria acabar, provavelmente no 50º volume.
Penso que entendes!
Dessa forma, não concebo a ideia desta obra ser algo pensada como, por exemplo foi o "Senhor dos Anéis", mas sim uma obra que se vai construindo como uma telenovela, em que num volume se conta quase nada.
Basta ver vários comentários a livros posteriores que referem exactamente não se avançar quase nada.
Mas pronto, quem gosta, gosta e acho muito bem!
:)
Abraço!

PS: E esses exames? Como te correu o ano de caloiro?

Pedro disse...

Olá Iceman!!

Compreendo o que queres dizer. Dada a maneira como Martin explora os vários enredos do livro e as várias personagens, pode muito bem publicar tantos livros quanto quiser.
De qualquer forma, pela ideia que tenho, se existe essa máquina só arrancou mais recentemente, com a série televisiva e o aumento da popularidade dos livros. Não me parece ter tido muito sucesso quando foi publicado pela primeira vez e não acho que, por muito boa que seja, tenha sido a série a tornar a Fantasia mais mainstream (mas é só a ideia que tenho, pode não ser a realidade nos EUA). Para vender ou não, Martin encontrou um mundo sobre o qual pode escrever tudo o que quiser (eu tenho uma ideia muito simpática do escritor!), and that's fine for me.
Honestamente, se de facto esta saga assenta nessa estratégia de marketing, neste momento de bom grado me deixo levar. A saga está prevista ter sete livros mas não me importava nada que Martin lançasse mais livros. Não dentro da mesma história, mas todos passados nos Sete Reinos. Muitas vezes lemos sobre o passado e várias lendas que ocorreram há milhares de anos, e é uma pena se Martin não escrever esses primeiros tempos. É um mundo com tanta História, tantos anos de vida, e tantos sítios diferentes que apetece ler sobre tudo e todos.

Conhecendo um pouco do que vai acontecer a seguir, acho que dá para notar que já neste primeiro livro o autor sabe por onde quer ir. Se um dia chegarmos ao fim da série, acho que vamos perceber que até estava tudo bastante planeado desde o início. Mas sim, no fundo é uma grande telenovela, consigo ver isso. Mas estou apanhado.

(a minha suspeita é que ele escreveu demasiado num único livro, portanto os livros seguintes perdem com isso. Mas ainda não avancei tanto para estar a insinuar isso. E mil páginas por livro é mais do que muito)




Os exames ainda estão a correr, e bem. O ano de caloiro foi excelente! Muito cansativo, muito trabalhoso. Custa muito querer pegar num livro ou ver um filme, ou apenas sair e dar uma volta, mas ter de estudar mais. Vida da universidade por vezes não é tão idílica como queremos e eu gosto muito de divagar! Mas não deixa de ser intenso. E, apesar de tudo, mesmo quando não corre bem, eu adoro o curso, adoro a faculdade, adoro a vida de estudante! =D e ser caloiro é uma experiência única, já tenho saudades hehe

Abraço grande

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