quarta-feira, 20 de junho de 2012

Releitura de "A Fúria dos Reis", de George R. R. Martin

Continuo na minha jornada de "As Crónicas de Gelo e Fogo".
A partir de agora, já tenho de encarar os livros de outra forma. Em primeiro lugar, os livros que a partir de agora ler, incluindo este, li apenas uma única vez (enquanto já tinha lido A Guerra dos Tronos e A Muralha de Gelo duas vezes). Em segundo lugar, já não me lembro de muitas coisas da primeira leitura (apenas muito geralmente, e por vezes não de forma ordenada, assim como ainda não vi os episódios televisivos correspondentes a este livro).

Quando li este terceiro livro pela primeira vez, perdi muito do fascínio pela série. Aborreceu-me, confundiu-me ainda mais, e nunca cheguei a recuperar aquela "chama" que senti com os primeiros livros. É curioso verificar que aquilo que não gostei dessa leitura foi talvez aquilo que mais me agradou nesta releitura.

A Fúria dos Reis não é mais do que a primeira metade do segundo livro da série, A Clash of Kings, portanto é justo desculpar o seu ritmo mais lento. Muito, muito pouco acontece. Tudo aconteceu no final de A Muralha de Gelo, e portanto nesta parte encontramos apenas os nossos personagens favoritos a tentar não só reflectir sobre os acontecimentos passados como a prepararem-se para o futuro. A guerra está mais do que instaurada e os Sete Reinos estão completamente divididos. Todos querem ser rei, mas quem será o legítimo herdeiro?
Portanto, para todas as guerras, cada Casa deve preparar bem os seus movimentos, cada um deve procurar defender-se, saber em quem confiar ou não. E, já que estamos a ler uma obra fantástica, convém encher o leitor de alguma expectativa certo? Acentuar um pouco mais alguns mistérios que continuam sem resposta, desenvolver mais algumas personagens, sem nunca verdadeiramente dizer alguma coisa. Nada disto seria aborrecido se não se estendesse por mais de 400 páginas, o que infelizmente acontece neste livro.

Na primeira leitura, isso foi a morte da minha leitura. É tão fácil deixarmo-nos aborrecer com este livro. É preciso gostar muito da série e estar muito atento a tudo e todos para se ultrapassar esta parte. Nesta releitura foi diferente: foi precisamente o seu ritmo mais lento que me levou a gostar muito, mesmo muito mais do livro.
Como já tinha referido no livro anterior, são as pequenas intrigas que nesta releitura mais me fascinam. É conhecer as personagens com mais pormenor, é pensar com elas sobre o que se está a passar, que me leva a ficar mais ligado aos livros. Ao contrário do que aconteceu a primeira vez que li os livros, já não me esqueço de qualquer personagem, já não me esqueço das histórias que contam, não me esqueço das pequenas cenas. Ver o anão Tyrion (uma das minhas personagens favoritas) a tecer os seus planos, a prevenir-se para o que aí virá, e a falar com os vários membros do Conselho, cada um deles com os seus pequenos esquemas (temos de estar muito atentos para os conseguirmos apanhar) empolga-me mais do que uma batalha. Continuo a adorar quando Martin nos dá a conhecer um pouco mais da história com milhares de anos deste mundo fantástico que ele criou. Cada vez mais me apaixono por algumas personagens. Continuo a ler a estudar esta saga. Por essas razões, A Fúria dos Reis foi a leitura extraordinária que não tive antes.

O meu único desagrado tem apenas a ver com aquilo que eu gostaria de já saber e ler, coisa que o autor só deve dar muito, muito mais à frente. Muitos dos mistérios e perguntas que o autor levantou no primeiro livro são completamente esquecidos neste livro, dando lugar à Guerra Civil que está a acontecer. Há poucos ou nenhuns flashbacks que ajudam a adensar as várias "teorias de conspirações" que nós leitores tanto gostamos, e facilmente nos esquecemos das perguntas colocadas à volta de alguma personagem (e que são os grandes segredos da série) porque há maior preocupação naquilo que está a acontecer no momento ou que vai acontecer. Também é um livro que se debruça demasiado nas mesmas personagens (não que me queixe demasiado porque os capítulos da Arya e de Tyrion, de longe os mais abundantes, são os meus preferidos). Enfim, pouca coisa de novo.
Por isso, tenho um pouco de medo que o autor se vá estender demasiado na sua história e adicionando mais e mais problemas para que só no último livro nos revele as perguntas que foram colocadas logo ao início. Enfim, desde que nada seja em vão, continuemos.


1 comentário:

Carla disse...

Boa noite
Gostava de te convidar a responder a uma questão que está no blogue Atmosfera dos livros. Acho que a ideia é interessante daí estar a convidar para a participação de todos os bibliófilos.
Desde já grata pela atenção dispensada.Ficarei a aguardar a tua participação
Boas leituras!

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