domingo, 21 de junho de 2009

A Máquina de Xadrez, de Robert Löhr


Baseado em factos verídicos, A Máquina de Xadrez é tanto um romance histórico como um thriller empolgante. Os acontecimentos decorrem por volta de 1770, no século das Luzes, quando o barão Wolfgang von Kempelen, aventureiro e livre-pensador, tenta conquistar o favor da imperatriz austríaca Maria Teresa apresentando em Viena um engenhoso invento, um autómato vestido como um turco e pretensamente inteligente, capaz de derrotar os melhores jogadores de xadrez. De facto, no interior da máquina, um verdadeiro prodígio mecânico, esconde-se Tibor, o anão que Kempelen resgatou dos calabouços de Veneza, um exímio jogador de xadrez, que, relutante, se vê forçado a participar naquele embuste. Depressa o Turco se torna famoso por toda a Europa, até que, nas celebrações do casamento de Maria Antonieta e Luís XVI, uma baronesa é encontrada morta em misteriosas circunstâncias. As suspeitas recaem sobre o Turco, suscitando a perseguição eclesiástica e complexas intrigas palacianas. O autor tira partido das suas personagens criando um drama psicológico que se adensa à medida que a intriga se torna mais empolgante. A recriação do tempo histórico é minuciosa e brilhante e tem tudo para captar o interesse do leitor.

Tem tudo para captar o interesse do leitor... E, de facto, capta!

Já não me lembro da última vez que li um livro com este nível de complexidade! Tenho lido obras com excelentes personagens, mas nenhuma deste nível, tenho a certeza.

Este é um thriller histórico que se desenvolve também em função de um drama psicológico, pois as personagens são de facto de um nível de complexidade único. E, mais interessante que tudo isto, é que é baseado em factos verídicos, as personagens são verídicas! Nunca pensei que Kempelen tivesse existido, e é com extrema alegria que já pesquisei umas quantas páginas sobre ele e a sua famosa Máquina de Xadrez.
A sinopse explica muito. A história é, basicamente, a de uma máquina de xadrez, construída para agradar à Imperatriz, mas que representa várias coisas para cada personagem: para o anão, uma prisão; para o criador, o auge; para o ajudante, uma obrigação; para alguns, perigo e maldição. E portanto, o sucesso da máquina de xadrez depende de quem sabe o seu segredo. No entanto, não só a morte misteriosa da baronesa como a luta de cada personagem vai afectar o seu destino.

O que a sinopse não revela é mesmo a complexa teia que se vai desenvolvendo à volta das personagens, numa luta psicológica constante. Elas vêem-se obrigadas a confrontar obrigações com vontades, fé com razão. Esse é, na minha opinião, o grande triunfo do livro.

Li e adorei. Estou bastante impressionado, pois trata-se do primeiro romance do autor e consegue provar que é capaz de muito mais!

Aconselho a todos. Vale mesmo a pena ler, é impressionante e mais do que cativante.

Só tenho a apontar um único ponto negativo... E é o que me faz não dar cinco estrelas ao livro.
De facto, o nível de complexidade das personagens é impressionante, e de um livro que nem parecia tão espectacular quanto isso surgiu uma obra fascinante. Meia estrela.
Porém, uma coisa é certa: no plano geral, este é apenas mais um thriller.

Embora seja único em si, numa vista geral, inserido na Literatura, este é apenas mais um thriller, que não acrescenta muito mais para além de uma história desenvolvida diferente. Por isso mesmo, faltou essa especialidade, essa característica que o teria feito único realmente, para ser uma obra-prima. Está quase! Volto a dizer, está mais do que recomendado, é um livro a ler de certeza!

13 comentários:

Beatriz disse...

Mesmo sendo mais um thriller, deve ser mesmo dos bons para dares 4 estrelas e meia ;) beijinho*

Pedro disse...

Sim, embora no plano geral seja mais um thriller, como disse este livro é dos melhores romances históricos que li ;)

Rui Bastos disse...

Parece interessante, e já me tinha chamado a atenção, sendo eu um jogador de xadrez =P, mas como era um romance histórico (não é dos meus géneros preferidos, diga-se de passagem) nunca me tinha levado a comprá-lo. Mas agora tenho que repensar isso... xD

Francisco Norega disse...

Deixaste-me água na boca!

marcia disse...

Pedro, já estava muito curiosa com este livro, e agora com a tua opinião fiquei ainda mais!!!!

Argos disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Argos disse...

O título deste livro chamou-me a atenção porque sou um inveterado jogador de xadrez e fiquei surpreendido pela positiva!
Integralmente, um bom livro, estou de acordo com as estrelas dadas.

Abraço

Carla Ribeiro disse...

Já o tenho aqui e sem dúvida que vai ser uma das minhas próximas leituras. :)

Inês Oliveira disse...

Pois é... um blog que sem duvida adoro =D! Com todo o prazer que lhe dou um mimo.
Com ajuda do blog, penso mais nas escolhas que devo fazer quando me desloco à biblioteca ou alguma livraria :) , obrigado!

NLivros disse...

Amigo Pedro.

Interessante sem duvida, mais um para a minha exteeennnsssaaaaa lista.

;D

Um abraço!

anaaaatchim! disse...

Bem!!! Deste parece que irei gostar =) 4 estrelas e meia?? Estás um mãos largas ;)

Célia disse...

Boa opinião, Pedro! Conseguiste deixar-me com muita vontade de ler este livro :)

Pedro disse...

Rui Bastos,
tens mesmo de repensar, olha que vale bastante a pena! É incrível como o autor desenvolveu estas personagens...

Francisco Norega,
é motivo para tal! =P

Marcia,
pessoalmente, este livro deixou-me boquiaberto, fiquei sinceramente impressionado!

Argos,
=) ainda bem que gostaste! É daqueles que nos surpreende realmente ;)

Silent Raven,
e já leste e gostaste! =)

Inês,
obrigado eu pelo caloroso comentário! ^_^

Iceman,
acho que este vais gostar...

Anaaaatchim,
sim, aproxima-se do teu género!

Canochinha,
este é um dos mais impressionantes que li este ano! =D

Um grande abraço

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