terça-feira, 6 de julho de 2010

A Floresta de Mãos e Dentes, de Carrie Ryan


"Inteligente, sombrio e enfeitiçante, A Floresta de Mãos e Dentes oscila, sem dificuldade, entre o horror e a beleza. O mundo de Mary não será facilmente esquecido pelos leitores."
Cassandra Clare, autora de A Cidade dos Ossos


No mundo de Mary há verdades simples. A Irmandade sabe sempre o que é melhor. Os Guardiães protegem e servem. Os Excomungados nunca desistem. E tu nunca deves esquecer a cerca que rodeia a aldeia. A cerca que protege a aldeia da Floresta de Mãos e Dentes. Mas, aos poucos, Mary começa a pôr em causa as suas verdades. Ela está a conhecer coisas que nunca quis saber sobre a Irmandade e os seus segredos, sobre os Guardiães e os seus poderes. E quando há uma brecha na cerca e o seu mundo se transforma num caos, ela fica a conhecer melhor os Excomungados e percebe o quão implacáveis são. Agora, Mary tem de optar entre a sua aldeia ou o seu futuro, entre aquele que ama e aquele que a ama.
E também tem de enfrentar a verdade em relação à Floresta de Mãos e Dentes.
Poderá haver vida para lá de um mundo rodeado por tanta morte?

 A tendência da nossa época parece ser a de romances "desmistificar" um pouco romances de terror. Aconteceu com os vampiros da maneira mais bruta que podem imaginar.
Com os zombies... Bem, não é bem isso que está a acontecer. O que vemos é que este ano temos bastante entradas na Literatura que dão importância a este ser morto-vivo, que não pensa apenas age.

A Floresta de Mãos e Dentes é um livro de zombies. Ainda assim, só quando comecei a ler me apercebi disso, porque nunca no livro esta palavra é utilizada.

Mary é uma rapariga que viu o seu pai ser arrastado por Excomungados (nome para zombies), e a sua vida muda drasticamente quando se vê novamente numa situação semelhante. A verdade é que vai descobrir que a aldeia onde mora... não é o mundo inteiro. E a verdade sobre os Excomungados e a Irmandade, que protege a aldeia destes, é bastante mais aterradora do que os querem fazer acreditar!

Impossível não me lembrar do filme "A Vila", de M. Night Shyamalan. Uma aldeia, cercada por uma floresta; algo monstruoso nessa floresta, capaz de matar pessoas; nada para além dessa floresta. Pensam os aldeões...
Ainda assim, este foi um livro que me impressionou pela positiva!  Embora a premissa fosse, a meu ver, demasiado previsível e pouco original, revelou-se uma agradável leitura!

Primeiro, achei bastante louvável a autora procurar utilizar um vocabulário próprio, como "excomungados". Não que não estejamos a falar dos mesmos seres, mas acaba por tornar a aldeia um local acreditável, que nunca poderia ser influenciado por teorias de fora!

Depois, e mais importante, uma escrita bastante séria. Nunca esperei encontrar neste livro uma escrita tão madura, tão séria, e que tornou todos os momentos do livro bastante sóbrios e emocionantes. Para mim, não é como a escrita de Stephenie Meyer (ao qual o livro é comparado), é algo muito, muito mais sério, e é capaz de fazer os leitores admirarem-se!

É, portanto, uma história bastante emocionante. Trata-se de um romance notoriamente pós-apocalíptico, e cujo final realça essa vertente e nos faz pensar no que se poderá seguir (sinceramente, não faço ideia como surgirá a continuação).
Ainda assim, nunca deixa de ser bastante lento e demorado... Não é um livro muito grande, pelo que não se pode dizer que a autora se tenha alongado muito! Por outro lado, a escrita que é capaz de nos fazer seguir atentamente a fuga de Mary e os amigos dos Excomungados (porque o livro é apenas isso, a perseguição e a fuga) disfarça o facto de a história não avançar muito mais, e os grandes acontecimentos serem esporádicos.
O único ponto negativo que quero realçar é a protagonista, para mim uma personagem demasiado confusa. Não só psicologicamente, porque em princípio isso não deveria ser negativo, mas sim para o leitor. Muitas vezes me senti confusa ao ler os seus actos e pensamentos. É uma protagonista de um livro mais sério do que seria de esperar, mas muito pouco consolidada na minha opinião. Esperemos que a continuação a traga mais sólida.

Enfim, decididamente um livro para jovens adultos, a seguir a febre de "Crepúsculo", mas ainda assim merece uns pontos pela sua escrita e por raramente nos manter aborrecidos. Ao contrário do que me levou a pensar a premissa, este livro é muito mais impressionante do que aparenta ser. Peca pelas personagens, que são bastante mal definidas. Não deixa de ser um livro com poucos pontos fracos, bastante emocionante e que impressionará alguns cépticos. Uma leitura que aconselharia à maioria.

7 comentários:

Tinkerbell disse...

quero ler este livro!:D

Ana C. Nunes disse...

Viste o booktrailer? Esse sim é que faz lembrar o "The village". E é fantástico (o booktrailer)!
Li este livro em Inglês e não gostei tanto quanto esperava o que foi um decepção, embora concorde quando dizes que a escrita tem uma certa maturidade.
Também não percebo os termos de comparação com o Twilight. Não tem mesmo nada a ver, especialmente no campo amoroso.
Já agora, a sequela não é sobre esta protagonista, mas sim sobre a filha dela.

Pedro disse...

Tinkerbell,
pelo teu género de leitura, acho que vais gostar! =)

Ana C. Nunes,
vi depois de ler o livro!
Acho que gostei mais do que esperava porque tinha acabado de ler "Guerra Mundial Z", também sobre zombies, e fazer-me lembrar "A Vila" não ajudou nada à expectativa de originalidade... A verdade é que à medida que fui lendo até me surpreendi.
Realmente, a nível de campo amoroso não tem NADA a ver com Crepúsculo. Mas, enfim, acho que até para livros como "Servidão Humana" ou "Crime e Castigo" arranjariam espaço para alguma comparação a Crepúsculo...
Quanto à sequela, fico à espera, e realmente seria de esperar que avançassem bastante na história! Espero que a filha seja menos confusa que a mãe =P

Boas leituras

Elphaba disse...

Eu gostei da Mary, talvez por ser mulher acabe por encontrar mais definições em comum com a personagem e a forma de sentir, achei que tem uma força surpreendente.

Quando me visualizo no seu mundo, ensaiando a vida como a sua em que um dia acordas e nada do que parece é, bolas! A morte a dói, e só quem viu morrer quem se ama sabe. E se para além dessas mortes o mundo como o conheces deixar de existir… Sobreviver a essa luta só mesmo em ficção.

Como explicar, é Mary é confusa e não é perfeita e isso torna-a uma personagem muito especial.

Ps:Vai haver uma continuação, que boa noticia!

Pedro disse...

Eu achei a Mary demasiado confusa realmente, e poucas (se é que houve alguma) personagens me parecem suficientemente sólidas ou definidas.

Ainda assim, foi um livro que me surpreendeu com a sua história. Daí ter dado umas magníficas 4 estrelas!

Talvez, de facto, não me esteja a pôr no seu papel, no meio de tudo aquilo... Talvez aquela realidade seja tão assustadora que não consigamos ter as ideias sempre assentes.
Como leitor, na altura não vi isso. Talvez um dia releia e sinta isso (até lá, duvido).

Esperamos pela continuação!

mina disse...

Olá, já li este livro há muito tempo e gostei, na altura que o comprei ainda estava na duvida, mas não me arrependi mesmo nada!

Pedro disse...

Olá Mina!

De facto não é um livro que chame a atenção à primeira vista... Talvez por isso a editora não tenha apostado na publicação do próximo volume?

Ainda bem que gostou. Mesmo não sendo uma obra-prima, também achei uma boa leitura!

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