domingo, 8 de março de 2009
Natália, de Helder Macedo
O novo romance de Helder Macedo é uma história de amor-paixão que nos chega sob a forma de um diário escrito na primeira pessoa por uma jovem mulher, Natália, durante três períodos críticos da sua vida, nos anos 2000, 2003 e 2008. Este relato, inicialmente destinado a constituir a base de um romance, respondendo ao desafio de um autor que ela entrevista na televisão, depressa passa a uma tentativa de lidar com as dúvidas que sempre tinha tido sobre quem ela própria seria. Órfã de pai e mãe, assassinados na Argélia quando recém-nascida no Natal de 1973, Natália foi criada pelos avós maternos e construiu as suas memórias em torno do que lhe contou o avô, figura tutelar, através de histórias fantásticas, referências literárias e excertos poéticos, sempre plenos de ambiguidades, que se constelam na sua imaginação como enigmas. Quando este morre, ela encontra numa pasta documentos relacionados com o seu nascimento e três misteriosas fotografias de uma jovem desconhecida. A intervenção desta figura feminina na rede de relações de Natália em que os interlocutores são predominantemente homens, virá conferir à sua vida uma nova dinâmica apaixonada mas especular e insidiosamente corrosiva. Num registo entre o confessional e o thriller psicológico, num estilo que flui coloquialmente, o leitor é mantido ao longo do romance na expectativa de um desfecho imprevisível.
Antes de mais, peço desculpa por não escrever frequentemente. Não tenho tido tempo nem para comentar blogues nem para escrever aqui. Nem para avançar a leitura! Mas juro que todos os dias passo pelos vossos cantinhos para ver as novidades!
Bem, quanto ao livro...
É um bom livro. Não é bem o que esperava. Aliás, é um livro que muda muito de humor ao longo das páginas.
Antes de tudo, comecei a lê-lo com bastante expectativa. Depois, as primeiras páginas foram pouco cativantes e nem gostei muito da escrita de Macedo.
Cheguei a pensar "Ah, já sei porque é que sou tão céptico quanto a autores portugueses...".
De facto, as primeiras páginas deste diário foram lidas com algum cepticismo.
Como já disse, o estilo de Helder Macedo não me impressiona. Depois, achei a personagem Natália com pouco assunto para analisar. Talvez a ache demasiado irreverente a princípio. Não simpatizei com ela à primeira, e acho que Macedo começa por aprofundar pouco as reflexões da Natália no diário.
Até que... À medida que vamos lendo, vamos cada vez mais ficando habituados à sua escrita. Cada vez mais gostamos de ler os pensamentos da Natália, bastante cativantes aliás. Torna-se bastante interessante com o avançar das páginas, e acho que a principal razão é entrarem mais personagens, o enredo torna-se mais intrigante à medida que vão entrando segredos do passado. Natália sente-se confusa, e aí "desabrocha" um pouco. Depois, sem dúvida este livro não é nada senão pela ligação de Natália com quem os rodeia. São as personagens que interagem consigo que tornam a obra cativante.
Finalmente, à medida que vamos acabando o livro, parece que o enredo está encurralado, a Natália amadurece e as personagens que a rodeiam encurralam a história, até Natália se transformar numa personagem completamente diferente.
É um bom livro, concluindo. Uma leitura rotineira, mas boa. Que se vai tornando cativante à medida que vamos avançando. Agora, para mim este livro não é bem a definição de "thriller psicológico"... Confesso que quase que lá chega, mas falta um clique, falta a parte da acção.
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10 comentários:
Sou nova por aqui, e digo desde já o teu "pergaminho" é excelente.
Definitivamente um blog a seguir, porque num certo sentido sou também bookoholic. :D
Haja o tempo em que se solta os sonhos...
Convite para Long Drink "Flamenco" no Angel Bar.
Boa Semana.
Parabéns pela forma como é feita a sinopse da obra e pela forma precisa como é tecida a crítica e expressa e opinião.
Olá menino desparecido! :)
Olha, vim cá dizer-te que vou mandar vir o "O Meu Amor Morreu Em Bagdade"! A WOOK oferece a todas as mulheres (por causa do dia internacional da mulher) os portes, por isso vou aproveitar e fazer umas comprinhas! :D
Ehehe! Beijinhos
Bom dia...tem vários selinhos pra vc no meu Blog....BjOs
Olá Pedro
Tomei nota.
Nunca li nada do HM.
Um abraço
Olá Pedro, estou passando aqui para te dizer que tens um prémio no meu blog para o teu blog.
Continuação de boas leituras :)
O livro não faz propriamente o meu género e como as opiniões não são assim muito entusiasmadas, em princípio não vou adquirir.
Achei o livro bom apesar das 5 primeiras páginas. Fiquei confusa, o textos a sempre parecer que daria mais do que dava. Quando a personagem declarou: Não percebo nada, mas o Avô gosta de mim mesmo assim. Percebi que era isso, era para ficarmos parvos. Logo a personagem vai se explicando mais e a prosa fica interessante. Muitas questões sobre a identidade da personagem e de Portugal são levantadas. Por fim o autor se revela claramente em, pelo menos, dois personagens: Natália, neta do Avô (esse avô com letra maiúscula é o mesmo de Parte de África, embora transportado no tempo seus dilemas são os mesmos: o Avô é alinhado ao governo) e o Autor que Natália entrevistou. Também é interessante o livro falar de tantos "mortos" e iniciar dia 3 de novembro, um dia após o dia de finados. Acho que pode ser relido e repensado...
Nes,
muito obrigado, fico lisonjeado!
Angel bar,
=) uma bebida a isso!
Manuel Afonso,
muito obrigado! Faço sempre o meu melhor!
Cidchen,
espero que gostes muito da leitura! =D
Janna,
muito obrigado! =O
JPD,
;) acho que é o teu tipo de livro!
Paula,
muito obrigado por todos os prémios! ^^
Canochinha,
não é nem um livro essencial nem me parece que vás ficar pegada a ele =)
Memórias de uma portoalegrense,
pois é! Eu acho que o interesse do livro vai aumentando ao longo das páginas... O princípio não chama a atenção, para o meio já se vai pensando, e no fim uma pessoa fica com pena que não haja mais desenvolvimento!
A ser relido para ser melhor entendido!
Um grande abraço
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