domingo, 22 de março de 2009

Divisadero, de Michael Ondaatje


Um romance cativante sobre a paixão, a perda e o incontornável passado.

No coração de
Divisadero, encontramos histórias entrelaçadas de um pai, as suas duas filhas e Coop, o órfão com quem partilham a casa até que um incidente terrível incendeia o resto das suas vidas.

Este é o romance mais intimista e encantador do genial Ondaatje que nos transporta numa viagem envolvente desde a Califórnia dos anos 70 à Primeira Guerra Mundial, dos perigosos bastidores dos casinos do Nevada à beleza das paisagens rurais do Sul de França.


Divisadero é uma poderosa história de amor e paixão, violência e separações, memórias e emoções ao rubro. Um romance inesquecível.

Romance vencedor do Governor General's Literary Awards - Fiction 2007 e finalista do Scotiabank Giller Prize 2007 e do Commonwealth Writers Prize for Best Book (Canada & Caribbean) 2008


Antes de mais, devo um enorme pedido de desculpas às respostas atrasadas, a não comentar os blogues, mas mesmo assim continuando a par das novidades! Peço desculpa por tudo isso, e pelos meus postes.

Entretanto, tenho dedicado algum tempo à leitura. Desta vez, debrucei-me sobre o autor de "O Doente Inglês", livro que gostava bastante de ler!

Que posso dizer deste livro? Sinceramente, é difícil de descrever... A sinopse é um bocadinho enganadora, pois não explicita o quão profundo e diferente este livro é.
É muito único. Ondaatje cria uma narrativa que não lemos todos os dias. Não há um enredo propriamente dito, há mais o objectivo de escrever.
Tudo começa com uma família que quase nada tem de laços familiares, já que se sentem diferentes uns para os outros. Após um triste incidente, a família desmembra-se por completo, pelo que seguiremos os passos de cada um. Em busca de um futuro, mas verdadeiramente não há futuro, baseiam-se demasiado no passado. Mais para a frente, o autor apresenta-nos uma diferente família, diferentes personagens, um século antes, desta vez personagens de diferentes famílias mas que se vão apaixonar entre si, criar eles os laços, sofrer por isso.

Adorei a escrita de Ondaatje. Bastante poética quando quer, capaz de nos tocar, embora seja um bocado fria certas alturas... Mesmo assim, um tipo de escrita cativante.
Já o livro... Tenho de ser sincero, este livro deve ser lido com calma, com o arrastar do tempo, e deve ser lido na altura certa. Não sei ainda bem se o li na altura certa, talvez. A verdade é que a certa altura perdi-me. Ou talvez sinta que o escritor se perdeu.
O livro começa bem, aliás começa na perfeição. Numa Califórnia rodeada pela Natureza, numa família cujos intervenientes chocam, vidas cujo futuro ainda está em aberto. Personagens absorventes, um começo ideal. Até que se separam, e a partir daí aos poucos e poucos a coisa vai perdendo a chama... Até que senti que o autor se perdeu na narrativa, a certa altura simplesmente parece que a vida dessas personagens perde sentido. Não totalmente, ainda há alguma curiosidade, mas perde o charme! Por exemplo, Coop a princípio leva uma vida interessante, no jogo, até que desligamo-nos dele, simplesmente é abandonado na história. Já Anna vai para França e aí encontramos uma reflexão que mais tarde, ao recordarmos, nos parece interessante, sem no entanto parecer ter sido aprofundada suficientemente! Talvez seja eu que tenha perdido o sentido, não sei.

A segunda parte do livro é bastante mais apaixonante, e aí percebemos a sinopse quando ilustra o livro como "cativante, sobre paixão, a perda e o incontornável passado". Achei que neste segunda parte o autor volta a encontrar um rumo, volta a encontrar algo para escrever, e aqui sim está o romance que esperávamos. Aqui sim encontramos paixão, perda, encontramos desencontros e personagens pelas quais seríamos capazes de chorar.
O final é totalmente aberto. Não há conclusão simplesmente.

Por isso, ainda não sei bem o que dizer do livro... Encantado com a escrita, de pé atrás com o rumo. É complexo. É erudito à sua maneira.
Sem saber se dar o 4 ou o 5... É uma nota que sobre algumas décimas principalmente por ser o livro que é. Mas atenção, este não é um livro para todos! É um livro para quem está preparado para conhecer personagens que nunca serão suficientemente exploradas, um enredo que em parte não existe, uma narrativa com uma escrita absorvente mas palavras que dificilmente chegam a algum lado. Uma escrita que promete mas, sinceramente, não chegou. Parece que o autor até quer chegar a algum sítio, mas perde-se no meio do livro, até o leitor se perder também. Um livro recomendado... Mas não para todos.


(porque sou teimoso e este livro é dos casos "Primeiro estranha-se, depois entranha-se")

9 comentários:

Célia disse...

É um livro que quero muito ler, parece-me excelente! Vai para a minha interminável wishlist :)

Paula disse...

Pedro, Li "O Doente Inglês" e simplesmente adorei. Adorei mesmo e acho que irias gostar também.

Estou curiosa em relação a esse.
Vou ler numa altura em que ache a certa para ficar atenta a tudo isso que disseste.
Boas leituras :)

Ana Carolina disse...

Será preciso ter paciência para ler esse livro.

Sandra Dias disse...

De vez em quando também é bom aparecer um livro com alguma profundidade e que nos faça reflectir.
Aliás... Não será essa uma dos objectivos da leitura?
Obrigada por mais uma sugestão.
Sandra do blog Vidas Desfolhadas

flicka disse...

A tua opinião está fabulosa que, mais uma vez, me deu prazer ler, mas acho que não vou ter paciencia para ler este livro, já que se perde a meio e não tem uma conclusão final...
;-)

P.S.- Para ser sincera, o último livro que li não é para ti, apenas foi uma lufada de alegria e optimismo para mim...

Belisa disse...

OLá

Eu também quero ler tudo e todos, fazer muita coisa, mas...estou a ver que se torna impossível algumas delas.
Gosto muito do que escreves e além disso no que diz respeito a leituras fico mais actualizada, por isso o meu obrigado!

Beijinhos estrelados

ainda mais estórias disse...

Olá, gostaria de saber se todos os lvros que vc comenta vc lê e se vc os compra ou os ganha das editras para promover...

Bjos

A Respigadeira disse...

Pedro, admiro a tua capacidade de leitura! Este livro promete!

Beijinhos

Pedro disse...

Canochinha,
sou-te sincero... A primeira parte do livro é bastante, bastante bela. Senti-me agarrado. Mas entretanto perde-se demasiado, e só a espaços se torna cativante. É um livro que aconselho com alguma precaução, não acho que mereça a fama.

Paula,
pois, "O Doente Inglês" espero ler um dia!! Confio que é melhor que este ;)

Ana carolina,
sim, paciência. E muita calma.

Miar à chuva,
livro é sempre cultura, cultura faz-nos sempre reflectir. =) é essa a minha opinião!

Flicka,
não acho que seja um livro fora do normal, acho que há sempre outros! =P

Belisa,
eu é que agradeço esses comentários!
Até me dói não ter tempo para ler tudo o que tenho a ler... *suspiro*

Janaína Moraes,
leio os que compro e leio os que as editoras me enviam ;)

Clara,
obrigado! =)

Um grande abraço

Quem também lê