sábado, 7 de fevereiro de 2009
O Meu Amor Morreu em Bagdade - Uma História de Guerra do Nosso Tempo, de Michael Hastings
O Meu Amor Morreu em Bagdade é um relato verídico, revelador e dramático de um dos períodos mais violentos do conflito no Iraque e é, simultaneamente, uma história de amor que nos retrata o que acontece quando a juventude, a inocência e o amor se expõem à devastação da guerra. O narrador é Michael Hastings, um repórter da revista Newsweek enviado para Bagdade para fazer a cobertura da guerra que, num dos seus regressos a Nova Iorque, se apaixona por uma jovem colaboradora da Air America, Andi Parphamovich. Após um ano de namoro, Andi acompanha Michael quando este volta ao Iraque e acaba por ser vítima de uma emboscada fatal ao ser destacada, ao serviço do National Democratic Institute, para uma missão numa das zonas mais perigosas da cidade. Um olhar intenso sobre o caos da guerra no Iraque e sobre a perda de um grande amor.
Este deve ter sido o primeiro livro que li de não-ficção sobre a Guerra do Iraque, essa guerra sobre-humana à qual tenho assistido com pesar.
Mas, até ler este livro, nunca me tinha apercebido do quão horrível ela é.
É, de facto, um relato chocante da Guerra. Constantemente pensei para mim mesmo: "Como é que isto é possível? Como é que o Homem é capaz de sobreviver a este tormento? Esta guerra é simplesmente sobre-humana, como é que somos capazes de aguentar tal coisa?".
Sem dúvida, os dotes do jornalismo dão a Michael Hastings o poder de invocar o ambiente de guerra. Reparem, o livro não fala de como a guerra começou, dos segredos por detrás dela, ao que poderá levar. Não. Este livro fala sobre viver debaixo das bombas, dos tiros, viver debaixo de uma cortina do medo, debaixo do receio de, a qualquer momento, morrer. Fiquei bastante, bastante impressionado por isso. Não acredito que haja pessoa neste mundo que seja capaz de sobreviver a esta vida. É mais do que difícil, é fora do nosso alcance. Só mesmo lendo o livro poderão perceber o sofrimento que falo, a menos que tenham estado lá e sobrevivido.
E, agora, o amor. Confesso que, ao longo do livro, o romance entre Mike e Andi não foi o que mais me impressionou. Fiquei bastante tocado com as descrições da guerra, mas não com as descrições do seu amor, dos e-mails, das mensagens. No entanto, quando chegamos ao fim, quando somos confrontados com a notícia da morte de Andi e assistimos ao que se segue, não se deixa de sentir um pequeno aperto no coração, uma dor, um sofrimento. Pessoalmente, esta parte tocou-me bastante, fazendo-me desejar que nada disto tivesse acontecido.
Descrições de guerra absolutamente estonteantes. A morte da amada e que não deixa o leitor impune.
Como escritor, receio dizer que Michael Hastings oferece-nos um excelente relato não-fictício, mas não me parece que seja pessoa para escrever um livro. Hastings é um excelente jornalista, mas não é um escritor. Oferece-nos esta obra dramática, muito boa, mas não se revela um escritor.
Portanto, o meu conselho é que leiam. Eu gostei imenso. Fiquei tocado, muito sensibilizado, e foi com horror que me apercebi do sofrimento que é viver debaixo de uma guerra que está a acontecer. Parem de enviar soldados e de devolver caixões.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
17 comentários:
Livros sobre guerra são sempre muito tristes e intensos. E agora sendo não-ficção dobra ainda mais a intensidade do tema...
Um livro que nos faz pensar, pensar...
Muito interessante!
Sim, minhas histórias são curiosas e suas dicas de livros são excelente!
Abraços!
Andei pelo blogs que leem o meu..e achei vc....vim conferir e vi um alto conteudo....muito bom encontra blogs amigos novos que demonstrem conteudo...
o Entrando Numa Fria te parabeniza...
abraços
Eu já estive na guerra do Iraque, não estou a falar que estive de facto, mas sim dentro de um livro, ao lado de um cão e de um soldado que o encontrou abandonado no meio de destroços e ficou perdidamente cativado pelo bichano, era bebezinho e indefeso, não foi capaz de o deixar ali e portanto ficou com o cão... Se quiseres saber mais o que o soldado fez ao cão, leia... é empolgante, não se consegue parar de ler, e o fim é emocionante ao ponto de nos fazer chorar! O livro chamava "De bagdad, com o Amor...", recomendo. Gostei ler a tua critica. Talvez leia este livro, um dia. Mas, uma vez que fala mais da guerra do que o amor, já não sei, fiquei indecisa, porque eu já sei de algumas coisas da guerra... :-/
Discorres bem sobre o livro. tenho andado com ele debaixo de olho e ja li umas quantas passagens (tipo aquelas livrarias em que te sentas e consultas e lês o que queres) eh eh ;) Como fico sempre naquela "compro nao compro" e a crise também chega a mim tenho de seleccionar mais, mas de facto escreves bem sobre o livro.
Antes as histórias deste tipo como "Até à Eternidade" (dois volumes que ha uns tempos tive pachorra de ler e fala inclusive de um que foi um grande amigo e conforto de marilyn Monroe, das suas memórias da guerra com tudo o que tem de inefavel, mas agora as coisas como que se tornam hiper-realistas embora também naquele livro quase noss entissemos no meio da guerra mas mais ao nivel da hierarquia e relações pessoais em tempos inenarráveis.
Neste livro que comentas é uma guerra sangrenta mesmo, como todas são, mas com particularidades envolventes. A miserável condição de alguns humanos...
Hugs
Após a leitura deixo um convite:
Long Drink "Morning Flight" no Angel Bar. Palco de Feras.
Bom Fim de Semana.
Somos 'bombardeados' todos os dias com informação sobre a guerra nos media... mas, na verdade, são estes pequenos episódios que nos tocam mais, que tornam esta guerra tão 'real'... Boas Leituras!
Depois de ler o que acabaste de escrever sobre este livro só te vou dizer uma única coisa: vou comprá-lo! Fiquei com uma enorme curiosidade em saber esses promenores todos.
Eu adoro ler histórias que se passaram na vida real.
PS: os comentários que me deixas são um espectáculo! *
Um retrato de como é viver debaixo da guerra... já que o aconselhas, talvez pegue nele. :)
Um abraço
tiago
Nunca li nenhum livro sobre guerra. Tenho sempre medo do que irei ler, da forma como me isso irá afectar. Até porque sonho bastante com as coisas que me afectam, e não queria mesmo nada passar noites com pesadelos por causa de um livro que, infelizmente, relata o real. Mas sei que tenho de abrir os olhos para o que realmente está a acontecer. Talvez um dia tenha a coragem para pegar nesse livro, que ainda por cima, fala de um acontecimento que ocorre na época me que vivemos.
beijinho*
Vou ficar com o queixo no chão?! Vou já devorar o fim do livro!! XD
Tiago
Olá Pedro
Somos assim: mais veementes na pulsão da morte do que na do amor e paixão.
Belísima edição.
Nõ li nada do autor e desta edição do livro fiquei a saber o que relatas.
Convém -- E este reparo não se dirige a ti -- que a ida para o Iraque foi construida. Lá, não havia uma única arma nuclear.
Um abraço
Um livro cujo título já por diversas vezes me chamou a atenção mas que ainda não me decidi a ler.
Agora, peramte esta descrição, a classificação que lhe foi dada e o teu conselho de que merece ser lido, estou totalmente rendida e vou mesmo lê-lo.
Obrigada e venham mais sugestões.
Um abraço
Também gostei, sobretudo pela vertente jornalística. O autor não é escritor, claramente, e, nesse sentido, o livro tem uma leitura pouco fluída. A história de amor foi interessante de conhecer, o final tocou-me, mas apenas a partilha de alguma intimidade me deixou curiosa. Acho que é uma boa leitura, ainda assim.
e a leitura da tua crítica deixa transparecer exactamente isso...o quanto gostaste deste livro, o que nos incita a lê-lo também
beijos
Gostei da tua opinião sobre o livro ! Já por várias vezes estive com ele nas minhas mãos ...
Bjinhos
Lili,
Acho que é impossível chegarmos ao fim sem sentirmos o coração pesado. =( A guerra é intensa.
Laura,
obrigado! ^_^
Philip Rangel,
obrigado pelo elogio! =) E parabéns também pelo teu blogue...
Flicka,
Já tinha visto esse livro e confesso que nunca me atraiu pegar-lhe, não sabia bem o que esperar. Sem dúvida, depois da tua opinião, fiquei bastante interessado, embora por momentos vá descansar de guerra porque este livro já foi muito intenso nesse aspecto =P
Daniel Silva,
neste momento, o melhor é comprar aqueles que queremos mesmo ler! Infelizmente, a crise não nos deixa divagar entre os livros...
É um choque quando nos apercebemos do esforço dos homens que estão por lá. Este tipo de guerras não pertence a este mundo!
Angel Bar,
Gostei bastante de ir ao teu blogue, original ;D
Bauny,
Acho que com este livro, em vez de seguirmos a guerra em geral, seguimos alguém particularmente, e aí sim sentimos o que é viver debaixo de fogo.
Cidchen,
bem, se vais comprá-lo espero que gostes ;)
Quanto aos comentários, obrigado *blush* Eu gosto de te comentar! =D
Tiago,
se te interessar mesmo, aconselho. Sem ser uma obra-prima, é um excelente retrato desta maldita guerra!!
(quanto a GRRM, ficaste mesmo de boca aberta! ;D)
Borboleta,
também creio ser o meu primeiro... Sabes, é um choque quando lês sobre alguém que nem pode sair de casa descansado, quando a qualquer momento podes ser atingida e morrer. Isso não é viver! O que ainda me tocou mais foi estar tão perto de pessoas mortas =(( Foi triste.
António Garcia Barreto,
obrigado pela sugestão ;) Já tenho lido bastantes opiniões positivas...
JPD,
quanto à ida para o Iraque, acho que sabemos que é uma história mal contada. Este livro, contudo, não reflecte sobre isso, mas sim sobre a vida debaixo das bombas =X Chocante.
Tétis,
se te interessas, deves ler sim ;) Nem é muito pesado, mas é sem dúvida uma descrição demasiado real =/
Cristina,
o final é extremamente tocante. Foi-me um bocadinho difícil ler a última parte, quando ele sabe da morte dela e tem de acompanhá-la =S
Quanto à história de amor, sinceramente aqueles SMS e e-mails não me deixaram a suspirar xP
Maria Manuela,
obrigado! Peço desculpa pelo atraso quanto ao prémios...
Carla,
obrigado =) Ainda bem que se sentem tentados e gostam!
Butterfly,
experimenta folheá-lo e ler algumas passagens então ;)
Um grande abraço
Enviar um comentário