segunda-feira, 31 de maio de 2010

Cordeiro - O Evangelho Segundo Biff, o Amigo de Infância de Jesus Cristo, de Christopher Moore

"Uma grande ideia, uma história divertida... Saiam e comprem este livro."
USA Today

Centenas de milhares de pessoas em todo o mundo leram – e releram - a história irreverente, iconoclasta e divinamente divertida da infância de Jesus Cristo, segundo o testemunho do seu amigo de infância, Levi bar Alphaeus (também conhecido por Biff). Agora, também tu poderás descobrir o que realmente aconteceu entre a manjedoura e o Sermão do Monte. Numa nova nota final, expressamente concebida para esta edição, Christopher Moore responde às questões mais colocadas pelos leitores acerca do livro e de si, desde a primeira publicação de Cordeiro. Fresco, divertido, pungente e sábio, Cordeiro tem sido alvo de regozijo para os leitores de todo o mundo.

"Histérica, sensual e profundamente comovente... Tiro-lhe o chapéu, Sr. Moore."
Gregory Maguire, autor de Wicked e Son of a Witch


Leiam bem as duas críticas que se encontram na contracapa do livro, de USA Today e de Gregory Maguire.
Faço minhas as suas palavras.

Li "Guia Prático para Cuidar de Demónios" e gostei muito. Li "O Bobo" e gostei mesmo bastante. Mas agora que li "Cordeiro", não só adorei o livro como Christopher Moore se torna, sem rodeios, um dos meus autores preferidos!!!

Sim, SAIAM DE CASA, COMPREM JÁ ESTE LIVRO! Disse-o uma vez e volto a dizer, e continuo a dizer até que o comprem!
A premissa da história não revela tudo o que o enredo vai englobar.
Como podem verificar, há uma lacuna na Bíblia. Essa lacuna dura perto de 20 anos, e corresponde à infância de Jesus Cristo. Mais ou menos quando ele era adolescente, essa fase do ser humano em que as hormonas andam aos pulos e somos capazes de confundir realidade com sonhos. Pois bem, Moore toma a liberdade de recriar esses anos que a Bíblia não revela, apresentado Biff, o melhor amigo de Jesus Cristo.
Jesua (nome original de Jesus) não é mais do que uma criança. Brinca, passa por algumas aventuras na sua terra, e tem o poder dos milagres. Eles já o levaram a meter-se em grandes sarilhos, mas quando temos tal dom, porque não utilizá-lo? E, a seu lado, tem Biff, seu companheiro, que o seguirá para todo o lado.
Um dia, Jesua reflecte no poder que lhe foi dado, e teme por uma coisa: não sabe como ser o Messias.

Agora, quero parar por aqui para dizer que, para mim, esta é a grande premissa do livro, e o seu grande objectivo. Jesus era uma simples criança, mesmo sendo filha de Deus, e ninguém lhe podia ensinar como ser o Messias. Isso apavorava-o. Parabéns a Moore por ter explorado tão bem esta questão, bastante filosófica.

E, para resolver isso, decide ir ao encontro dos Três Reis Magos que o visitaram em criança. Isso vai levar Biff e ele a uma viagem pela Ásia, em busca de respostas, de emoções, das verdades sobre o mundo e sobre as pessoas. À descoberta de ensinamentos.

O livro não é perfeito. Por todas as razões que podem imaginar.
Mas é a melhor leitura que podem ter, por todas as razões que podem imaginar.

Fiquei mais do que surpreendido por verificar que Moore se esmerou em tornar este não "mais um". Nota-se pesquisa, nota-se dedicação. E não se trata apenas de uma sátira, não é nada disso. Ao longo da leitura, somos regalados com autênticas pérolas filosóficas. Moore surpreende-nos com uma escrita maravilhosa, que nos leva a ler mais e mais e mais, sem desejarmos que realmente acabe. E, por se revelar um escritor de primeira qualidade, tiro-lhe o chapéu. Quis-me perder nas suas palavras.

Há, contudo, uma série de liberdades que tornam o livro... Quase épico, mas nunca épico. Os Três Reis Magos: Moore aventura-se um bocado ao apresentar estas personagens, e por muito sábias que possam ser, têm uma carga bastante, demasiado, fantástica, para o gosto do livro. Baltasar é um mágico; Gaspar um budista que me soube a demasiado moderno; Melchior um gajo que se enfia dentro do bolso do casaco. Enfim, demasiada magia para tornar o livro verdadeiramente original.

No entanto, os três dão muito que falar, tanto sobre o que têm a ensinar como quem realmente são e o que querem.
Já as personagens de Jesua, Biff e Madá são outra coisa. Jesua já expliquei, a sua demanda é deveras interessante; Biff não é uma personagem-tipo, é mesmo alguém que é um privilégio seguir; Madá, ou Maria Madalena, parte-nos o coração por várias razões.

Este é, portanto, um livro mais do que bem escrito; mais do que uma boa ideia; é um livro a não perder!

Infelizmente, não posso esconder que tem muitas falhas, mas que se adequam ao estilo de Moore. Para além de tomar demasiadas liberdades ao escrever a história (o que tira um pouco o quão grandioso o livro podia ser - e acreditem, para criar a história que queria Moore não se importou de alterar algumas coisas, de inventar a torto e a direito).

Gostaria que não tivesse medo de escrever. Começa muito lentamente. É uma grande viagem este livro. Uma grande viagem da qual eu já tenho saudades. É incrível como vivemos a caminhada, e quando Jesua tem 33 anos e está em Jerusalém lembramo-nos de Ásia com nostalgia. Ainda assim, a partir de um certo momento, o livro começa a avançar com enorme velocidade. Quando encontramos o último Rei Mago, tudo começa a passar com maior rapidez, e parece que Moore começa a "despachar" um bocado a história.

Finalmente, o Calvário. Se há coisa que este livro nos oferece são personagens pelas quais nos vamos apaixonar. E o final da história de Jesua consegue ser surpreendente, de uma maneira que nós não imaginamos. Sim, todos sabemos da Cruz e da Ressureição. Mas, mais uma vez, Moore recria o final de acordo com o seu próprio livro. E é de facto empolgante. E comovente. Tão comovente! Não imaginam o que acontece, não imaginam!

Talvez muito imaginem este livro como uma conspiração. Escrito por alguém ateu, talvez não-crente. Não é bem assim. Eu, que não acredito particularmente em Jesus como Filho de Deus, senti-me movido pelo livro, e curioso com a história bíblica. A sério, este livro acaba por fazer o contrário do esperado: puxa-nos para encontrar a fé cristã.
Nunca me apeteceu tanto ser amigo de Jesus. Estabelecemos uma relação com todas as personagens, é inevitável. E, por isso mesmo, nunca me senti tão interessado em conhecer mais sobre a vida de Jesus, sobre o Novo Testamento. Tenho quase a certeza que, para quem é cristão, católico, religioso, vai-se sentir bastante ligado ao livro. Vai fortalecer, em parte, essa fé.

Nada perfeito. Mas fantástico. Um dos livros que mais me agarrou.

6 comentários:

NLivros disse...

Caro amigo,
desde que falaste pela primeira vez no livro eu coloquei-o na minha lista de prioridades literárias, só AINDA não o comprei pelos motivos que te disse por mail, mas de certo o vou comprar e ler este ano.

A tua opinião está brilhante e mesmo com toda essa magia ou fantasia associada aos reis magos, este é um livro e provavelmente um autor que me agrada.

Um abraço!

Pedro disse...

Iceman, este livro acho que vais achar engraçado ler. Quando puderes ;) é logo!

Muito obrigado pelo elogio à opinião.
Sim, de facto talvez não vás achar muita graça a certas personagens... Principalmente os Três Reis Magos. De todas as personagens bíblicas, receio que sejam as únicas que estão bastante afastadas da veracidade. Ainda assim, delas o que podemos absorver são os vários ensinamentos que ajudarão Jesua a tornar-se o Messias (muitos pensamentos budistas, o que é de facto curioso porque vários não se afastam de alguns ensinamentos cristãos. Não se pensa que Jesus tenha viajado pela Ásia, mas há de facto poucas suspeitas de que ele tivesse entrado em contacto com essas filosofias).

A Inês disse...

Nunca me apeteceu tanto ser amigo de Jesus. Estabelecemos uma relação com todas as personagens, é inevitável.

Acabei de ler o livro à algumas horas e, ao tentar saber mais sobre ele, deparei-me com o teu blog.
É engraçado porque sinto exactamente a mesma "euforia" que descreveste. Apetece-me obrigar toda a gente a lê-lo! eheh
Na nota final de autor, Moore diz que quando o lançou esperava receber uma enchente de cartas/mails de pessoas indignadas com a história inventada. E eu não podia estar mais em desacordo porque até a mim, ateia convictissima, me deu uma vontade supida de ser amiga de Jesua e segui-lo! :P

Bem, e tudo isto para dizer que gostei muito de ler a tua critica :)

Pedro disse...

NeverEnding Story, só prova o quão bom o livro é! É sem dúvida um dos melhores que já li e por vezes gostava de voltar a pegar nele, reviver tudo... Moore já é um dos meus escritores preferidos, mesmo que muitas das suas obras não sejam mais do que puro entretenimento.

Muito obrigado pela opinião =)

NLivros disse...

Pedro.
Comprei o livro e já o estou a ler e, acho que nunca li nada tão divertido.
Hilariante, de ir às lágrimas.
Abraço!
Miguel

Pedro disse...

Allos allos Miguel!

Fico feliz de estares a gostar! É um livro fantástico, sem dúvida tenho-o como dos meus preferidos. Moore é mesmo assim, eu também me farto de rir com ele (e acho que isso é difícil num livro).

Abraço!

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