terça-feira, 26 de junho de 2012

Releitura de "O Despertar da Magia", de George R. R. Martin

"O Despertar da Magia". Bem, um despertar, mas ainda não acordou de facto.
Apesar do título parecer enganador, sem dúvida a presença de magia começa-se a notar cada vez mais. Mas, atenção, muito pouca magia. Apenas uma sugestão.
Isto é algo que o autor vem reafirmando ao longo do tempo e fãs de Literatura Fantástica devem sempre ter em atenção: não é objectivo desta obra trazer magia. Isto é "alta fantasia" e é um mundo onde a magia praticamente desapareceu. Daí As Crónicas de Gelo e Fogo serem consideradas uma das melhores obras de fantasia de sempre: não recorre a magia. Desengane-se aquele que estiver à espera de grandes feitiços. Há magia: há sombras místicas, há profecias, há visões, há pessoas com poderes sobrenaturais. O suficiente para fazer desta obra tão fantástica quanto real. Honestamente, a única altura em que surge magia a sério acaba por parecer um caminho "fácil", coisa que não queremos desta série.
Mais uma vez, esta releitura continua a agradar-me imensamente. Continuo a encontrar cenas e pormenores dos quais já me tinha esquecido. Este livro é em quase todos os capítulos capaz de nos fazer roer as unhas de excitação, quer seja pela guerra, quer seja pelas visões que vamos conhecer (e que, embora por enquanto não façamos ideia como, vão ser a chave para chegar ao fim da série).
Curiosamente, e como já tinha verificado, continuo sem me sentir especialmente atraído pelas cenas bélicas. Talvez porque já conheço quem será o vencedor, talvez porque são as cenas cujos pormenores menos são fundamentais para acompanhar a história. São, sim, as imensas profecias que surgem neste livro, ou as personagens novas que entram ou que saem misteriosamente, que me interessam. É a intriga política, que abunda nesta saga, que me tem chamado a atenção.
De alguma forma, não consigo deixar de sentir que este livro (segundo da série na versão original, em Portugal constituído pelo terceiro e quarto livros) se afasta um pouco daquilo que o primeiro livro se propôs a contar. Enfim, não é bem afastar, mas expande-se por caminhos secundários. A própria história não é tão bem organizada, os enredos confundem-se um pouco, como se estivessem eles próprios perdidos, à espera do momento em que possam avançar. O que não é bom para um livro tão grande.
Talvez se deva ao facto da história ter sido planeada para três/quatro livros na primeira ideia do autor. Para mim, "As Crónicas de Gelo e Fogo" são a história de Jon e Daenerys, são eles os dois as verdadeiras personagens principais. Tyrion, o anão, talvez seja a personagem com mais "tempo de exposição", e portanto também acaba por pertencer ao leque de protagonistas, contudo não são as suas Crónicas.
Por isso mesmo, para ocupar os sete livros a história tem de se estender por todas as personagens, por todos os caminhos possíveis. A algumas personagens são só dedicados um par de capítulos, comparado com outras personagens (nomeadamente Tyrion) que ocupam praticamente o livro todo.
Da minha parte não me queixo. Os pormenores acabam por estar todos lá, a excitação à volta da série aumenta com o avançar dos livros, é uma obra plena, muito completa, gosto disso. Continuando!

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